João Saveia: “Quando alguém pensar em ciências do Desporto e áreas conexas terá em mente a ESCID”

João Saveia: “Quando alguém pensar em ciências do Desporto e áreas conexas terá em mente a ESCID”

POR: Entrevista de Sebastião Félix
Fotos de Daniel Miguel

A província de Luanda acaba de ganhar uma infra-estrutra de sportiva virada para o ensino superior. Até que ponto vai dar resposta aos problemas que o país enfrenta?

Muito obrigado. Agradeço a oportunidade que O PAÍS nos concede para falar sobre a Escola Superior Técnica de Ciências do Desporto (ESCID). É uma instituição que está em Luanda, na Região Académica 1, porém pretendemos formar e levar contribuições para todo o país. É uma instituição nova, embora tivesse sido aprovada em 2017, no entanto, estamos a começar este ano com uma oferta de cursos que, sem sombra de dúvidas, darão uma grande contribuição ao desporto e outras áreas conexas.

Depois da divulgação oficial da ESCID nos órgãos de comunicação social, como é que os candidatos aos cursos reagiram?

Os estudantes inscritos fizeram, antes, os testes de admissão. A procura foi maior no curso de Educação Física e Desporto depois da abertura do ano académico no dia 11 de Março passado. É uma surpresa agradável para nós, por isso vamos tê-lo no período da manhã, tarde e noite, coisa que não existe em nenhuma outra instituição. O nosso conteúdo programático satisfaz os estudantes, aliás, esta área “respira” desporto. Se olhar à esquerda vê campos de futebol, pistas de atletismo à direita, ou seja, aqui estamos voltados ao desporto. Os estudantes inscritos estão a gostar, uma vez que temos aqui professores de referência, uns já foram técnicos de selecções.

Com a abertura da ESCID a Academia de Futebol de Angola (AFA) tornou-se mais conhecida?

São instituições diferentes. Temos a AFA e temos a ESCID, mas somos estrategicamente parceiros, uma vez que a infra-estrutura desportiva apoia a formação dos técnicos e gestores da AFA, portanto ela já é uma instituição consolidada no país.

Como é que está constituído o corpo docente da Escola Superior?

O corpo docente é constituído de acordo com as áreas de formação. É, por enquanto, pequeno por ser o nosso primeiro ano. Temos essencialmente disciplinas do primeiro ano. Temos professores efectivos que estão a coordenar vários cursos e colaboradores que foram seleccionados mediante critérios rigorosos.

A ESCID conta com algum professor estrangeiro?

Há uma professora moçambicana de Educação Física, mas já é residente e os outros estão na mesma condição. Acreditamos que com as parcerias que pretendemos ter com instituições estrangeiras do ensino do desporto poderemos ter.

Dentro daquilo que é a vossa estratégia de actuação, há algum plano para manter contactos com o Instituto Normal de Educação Física (INEF)?

Este é um assunto que ainda ontem foi abordado pelo nosso responsável da área de extensão e que nesse momento está a dar-nos um apoio para a cooperação. Dissemos que o INEF deve ser o nosso parceiro estratégico, logo vamos contactá-los para podermos desenvolver algumas actividades em conjunto, bem como de outras instituições que formam nesta área e na medicina. Já escrevemos também para as federações e os clubes, aliás viu-se na cerimónia de abertura várias figuras ligadas ao mundo desporto.

A ideia é “cientificar” cada vez mais o desporto angolano?

Quais sãos os cursos existentes na ESCID?

Há três departamentos e neles temos os cursos de Educação Física e Desporto, Gestão Desportiva, Psicologia geral, com foco para o desporto, Fisioterapia, Nutrição, Biotecnologia e Gestão Ambiental.

As vagas estão preenchidas?

Temos estudantes em todos os cursos, mas não funcionarão nos três períodos. Como é evidente, é o primeiro ano, logo teremos mais alunos nos períodos lectivos seguintes, sem esquecer que já teremos o segundo ano em 2020, por isso não podemos aumentar o número este ano. Não há como encher porque a oferta formativa é gradual.

O valor da propina será variável?

Há dois valores para as propinas. Um é de 22 mil e o outro e de 25 mil Kwanzas respectivamente. São valores baixos se pensarmos naquilo que são cobrados em algumas instituições. Para Fisioterapia, Biotecnologia, por exigência dos laboratórios, a propina é de 25 mil Kwanzas, ao passo que os outros serão cobrados a 22 mil Kwanzas.

A nutrição é uma das áreas importantes. Como é que está articulada e qual é o seu corpo docente?

É uma das áreas que o país precisa muito. Ela dá a possibilidade de actuação em vários campos como a saúde, clubes, hotelaria e outras. Ela é relativamente nova, mas a coordenadora do curso é formada em Nutrição e tem estado a trabalhar no sentido de ter aqui os melhores docentes. Como disse, é o primeiro ano e algumas disciplinas são gerais, no entanto teremos melhores resultados no futuro. Os estudantes deste curso terão várias saídas profissionais em hospitais, empresas de produção de alimentos e em clubes.

Qual é a duração dos cursos?

Os cursos são de quatro anos.

E o plano para os estágios?

Estamos a começar agora, mas todas essas políticas estão a ser traçadas pelo gabinete do Plano e Desenvolvimento Institucional (PDI). As nossas áreas muito cedo vão trabalhar, em forma de estágio, nessas parcerias e também para a realização de trabalhos de investigação científica.

O número de estudantes por turma satisfaz?

As turmas têm capacidade para 45 estudantes, embora umas tenham mais do que as outras, mas, acredito que temos o número necessário para continuarmos.

Como está constituído o ESCID?

Temos a parte administrativa que é constituída por 11 gabinetes devidamente equipados, cinco laboratórios (também equipados), biblioteca, sala de leitura, auditório com 120 lugares, balneários, refeitório e 24 salas de aula, sem esquecer os campos, ginásio, pistas de atletismo e outras infra-estruturas. Temos também contactos muito avançados com o Clube de Golfe de Luanda para uma parceria nesta modalidade. Queremos massificar o Golfe e mostrar que não é um desporto de elite. Os nossos estudantes passarão a ter aulas de capoeira. Com isso queremos aumentar o leque de actividades desportivas.

Da próxima vez que o jornal O PAÍS regressar ao ESCID vai encontrar o director com fato de treino?

Risos… É verdade… Risos… Estamos a trabalhar no regulamento da indumentária. Há muita crítica na forma como se veste, mas a exigência aqui é outra devido à natureza da Escola Superior, então poderá encontrar-me de calções noutras actividades.