Estudo mostra que 175 milhões de crianças não estão matriculadas no pré-escolar

Estudo mostra que 175 milhões de crianças não estão matriculadas no pré-escolar

No mundo, cerca de metade das crianças em idade pré-escolar (175 milhões) não estão matriculadas no pré-escolar, segundo o UNICEF, num novo relatório a que o jornal OPÁIS teve acesso. Estas crianças perdem uma oportunidade de investimento essencial e sofrem as consequências das desigualdades desde o início da vida. O primeiro relatório global do UNICEF sobre educação pré-escolar denominado “Um mundo preparado para aprender: prioridade a educação na primeira Infância de qualidade”, revela que nos países de baixa renda o quadro é muito mais sombrio, com apenas uma em cada cinco crianças mais novas matriculadas no ensino pré-escolar.

O documento diz ainda que as crianças matriculadas, em pelo menos um ano da educação pré-escolar, têm maior probabilidade de desenvolver as habilidades essenciais necessárias para terem sucesso escolar; são menos propensas a repetir classes ou a abandonar a escola e, portanto, mais capazes de contribuir para sociedades e economias pacíficas e prósperas quando atingirem a idade adulta. As crianças na educação pré-escolar têm mais do que o dobro de probabilidade de estarem no bom caminho no domínio das letras e números do que as crianças que perdem a aprendizagem inicial. O relatório observa que a riqueza das famílias, o nível de educação das mães e a localização geográfica estão entre os principais determinantes para o acesso ao ensino pré-escolar.

No entanto, a pobreza é o maior factor determinante. Em 2017, uma média de 6,6% dos  orçamentos nacionais para a educação eram globalmente dedicados à educação pré-escolar, com quase 40% dos países, com dados, alocando menos de 2% dos seus orçamentos para esse sub-sector. Na África Ocidental e Central, 2,5% são destinados à educação pré-escolar, com 70% das crianças na região perdendo o acesso a educação na primeira infância. Em toda a Europa e Ásia Central, os governos dedicam a maior proporção – mais de 11% dos seus orçamentos educação – à educação pré-escolar. Esta falta de investimento mundial na educação pré-primária afecta negativamente a qualidade dos serviços, incluindo uma falta significativa de professores treinados no ensino pré-escolar.

Juntos, os países de baixa e média renda congregam mais de 60% das crianças em idade pré-escolar, mas apenas 32% de todos os professores da pré-escola. O UNICEF apela aos governos que garantam o acesso universal a pelo menos um ano de educação pré-primária de qualidade e a transforme numa parte habitual da educação de todas as crianças, especialmente das mais vulneráveis e excluídas. Para tornar isso realidade, o UNICEF insta os governos a comprometer pelo menos 10% dos seus orçamentos nacionais de educação para ampliar a educação na primeira infância e investir em professores, padrões de qualidade e uma expansão equitativa.

Alguns resultados principais

1 Em 64 países, as crianças mais pobres são sete vezes menos propensas do que as crianças das famílias mais ricas a participar em programas de educação na primeira infância.

2 Mais de dois terços das crianças em idade pré-escolar que vivem em 33 países afectados por conflitos ou desastres não estão matriculados em programas de educação na primeira infância. No entanto, estas são as crianças para as quais a educação pré-escolar acarreta alguns dos maiores benefícios.

3 A educação pré-escolar ajuda as crianças pequenas afectadas por crises a superar os traumas que vivenciaram, dando-lhes uma estrutura, um lugar seguro para aprender e brincar e uma forma de expressar as suas emoções.

4 Crianças nascidas de mães que concluíram o ensino médio ou mais têm quase cinco vezes mais probabilidade de frequentar um programa de educação na primeira infância do que crianças cujas mães concluíram apenas o ensino de base ou não têm educação formal.

5 Com a expansão das populações, o mundo precisará de 9,3 milhões de novos professores da pré-primária para atingir a meta universal de educação pré-escolar até 2030.