Caminhos para a dinamização do sector da agricultura analisados hoje

Caminhos para a dinamização do sector da agricultura analisados hoje

Considerado como a base para o desenvolvimento do país e factor decisivo na diversificação da economia, a Revista Economia & Mercado realiza hoje, em Luanda, uma conferência sobre o sector agrícola no país, cujo tema será “Agricultura do passado à actualidade, principais constrangimentos e caminhos a seguir”. Ao OPAÍS o director da revista Economia e Mercados, Sebastião Vemba, adiantou que espera promover conhecimento sobre o sector agrícola , valorizando o que se fez no passado, aproveitando as novas tecnologias de produção agrícola.

O debate procura igualmente a elaboração de políticas específicas diferenciadas, tendo em conta factores como a concessão de terras, concessão de crédito e estabilidade económica do país O evento vai contar com a presença de representantes do sector, representantes ministeriais e académicos, e terá como integrantes dos painéis de debate, entre outros especialistas, os agrónomos Carlos Figueiredo e Carlos Pinto; José César, consultor; Belarmino Jelembi, director- geral da ADRA, João Nunes, gestor da fazenda Maxi e representantes do Ministério da Agricultura e Florestas de Angola.

País gasta mais de três mil milhões de dólares na importação de alimentos

Actualmente, Angola gasta três mil milhões de dólares na importação de alimentos, segundo o ministro da Agricultura e Florestas, Marcos Nhunga, quando procedia à abertura do ano agrícola 2018/2019, no município do Chinguar, província do Bié. Na sua intervenção, o governante reconheceu que o sector padece de alguns problemas, cujos efeitos principais são o défice de produção de alimentos, que obriga o país a gastar mais de três mil milhões de dólares na sua importação. O governante citou o êxodo dos jovens das áreas rurais para as cidades, as dificuldades de operação de muitas indústrias por falta de matérias- primas, o abandono de quadros do sector devido aos baixos salários praticados e as dificuldades da vida nos municípios, comunas e fazendas que o sector deverá reverter com a maior brevidade possível.

O ministro Marcos Nhunga reconhece, entretanto, que o sector tem dado passos importantes nos últimos anos com o aumento da produtividade, numa clara referência aos anos agrícolas 2016/2017, graças ao empenho dos agricultores das várias categorias e à sua criatividade, bem como ao esforço dos técnicos das instituições do Estado e do sector privado e organizações não-governamentais. “É inegável o aumento da produção nacional, visível nas grandes superfícies e noutros estabelecimentos comerciais, bem como no aumento assinalável de mercados informais ao longo das estradas, apesar do mau estado que muitas delas ainda apresentam”, vincou.

Estratégias do executivo

A partir da campanha agrícola 2016/2017, o Executivo traçou e aprovou um conjunto de estratégias que actualmente estão a facilitar a importação e a comercialização de insumos e equipamentos agrícolas, permitindo aos camponeses terem maior oferta e acesso aos instrumentos de trabalho nas comunidades rurais. Uma das estratégias aprovadas neste período foi o “aumento da oferta de fertilizantes”, porque, naquela época, por exemplo, o saco de adubo composto por 50 quilogramas custava 35 mil Kwanzas. Devido à entrada em vigor desta estratégia, o preço baixou para cinco mil, contando com a subvenção do Estado. Além do baixo custo, o mercado dispõe, actualmente, de quantidade suficiente de fertilizantes e instrumentos de trabalho, importados pelo empresariado nacional, para fazer face às necessidades dos agricultores.

“É necessário identificar os constrangimentos da Agricultura ”

Para o engenheiro agrónomo Fernando Pacheco, um dos participantes no evento, é necessário que os constrangimentos que impedem o desenvolvimento da agricultura no país sejam identificados e atacados de forma conjunta. Segundo o responsável, que falou numa entrevista cedida recentemente ao jornal OPAÍS, a questão dos fertilizantes não é o único constrangimento que afecta o sector agrícola. Acrescentou ainda que não adianta ter fertilizantes sem ter boas sementes e vice-versa. “Ou ter isso tudo e não termos comercialização ou estradas. Podíamos continuar a lista. Infelizmente o país, no seu conjunto, ainda não entendeu isso”, Acrescentou. Sublinhou ser importante que o Executivo perceba a importância da agricultura e actuar também de forma integrada e coordenada. “Só poderemos pensar em produção em larga escala e diminuir as importações se mudarmos o modo de pensar e agir”, disse. Apesar disso, reconheceu que existe algum esforço do Executivo nos últimos tempos no que diz respeito ao progresso do próprio sector. “Mas temos de reconhecer que está a haver algum progresso. Assistimos a um aumento do peso político do Ministério da Agricultura e isso é um passo muito importante”, esclareceu.