Dominick Maia Tanner: “Artistas angolanos participam na Feira de Arte Contemporânea Africana desde 2015”

Dominick Maia Tanner: “Artistas angolanos participam na Feira de Arte Contemporânea Africana desde 2015”

Touria El Glaoui, criadora da Feira de Arte Contemporânea Africana 1-54 (e suas três edições por ano i.e. Marrakesh, Nova Iorque e Londres) manifestou a intenção de visitar Angola este ano. De que forma o ELA e as outras instituições prevêem recebêla? Em que consistirá a visita de a Luanda?

Só posso falar pelo ELA, mas acredito que não só a Touria El Glaoui (criadora da Feira de Arte Contemporânea Africana 1-54), como o Othman Lazraq (dono do Museu MACAAL), quando vierem a Angola no fi – nal deste ano, irão querer visitar ateliers de artistas, académicos, curadores, coleccionadores e instituições públicas e privadas ligadas à arte contemporânea nacional. De forma a conhecer a realidade do país e das artes nacionais no terreno.

Qual é a percepção que Touria El Glaoui tem da Cena Artística Angolana, sobretudo de Luanda?

Ambos têm a percepção de que a Cena Artística Angolana, em Luanda, mas também na diáspora, estão em grande afirmação não só no continente, mas também um pouco por todo o mundo.

Há alguma previsão sobre a participação de artistas angolanos na Feira de Arte Contemporânea Africana?

Artistas angolanos já se encontram a participar na Feira de Arte Contemporânea Africana desde 2015. Para citar alguns: Kapela, Van, Toy Boy e Joana Taya pela Galeria Tamar Golan na edição 1:54 de Londres em 2015; Binelde Hyrcan, Keyezua e Ihosvanny pela Galeria Movart também na edição 1:54 de Londres em 2018; Januario Jano pela Galeria Primomarella na edição 1:54 de Marrakesh em 2019; e, Edson Chagas pela Galeria Goodman também na edição 1:54 de Marrakesh em 2019. Havendo cada vez mais participação de artistas angolanos, isso será um sinal muito bom.

Que passos devem ser dados para que Luanda, em particular, e o País em geral, se torne uma grande referência a nível da artes em África?

Uma “grande referência” é algo muito ambicioso e vai demorar 10 anos. Uma visão estratégica em torno das artes cria-se de baixo para cima. Por isso e para já, e de forma a criarmos uma base sólida e sustentável para os próximos anos, seria importante que houvesse mais debates abertos e construtivos, mais mesas redondas e conferências sobre os passos a dar nas artes.

Talvez fazer uma espécie de `consulta aberta´ e criar um debate de ideias junto dos artistas e vários agentes do sector, um pouco por todas as províncias e além-fronteiras junto às comunidades angolanas, com a presença activa da Presidência, do Ministério da Cultura, da UNAP, do CEART, do ISART e dos Adidos Culturais Angolanos e responsáveis das Casas de Angola espalhados por todo o mundo, entre outros.

Unidos somos mais fortes, mas continuamos em grande parte com falhas de comunicação uns com os outros ou mesmo divididos. Em paralelo, devemos ter mais programas de televisão e rádio em torno das artes, e mais livros publicados sobre o assunto – este último também em inglês e francês ou alemão ou espanhol para permitir estarem em bibliotecas importantes pelo mundo fora.

Que balanço faz da missão angolana a Marrakech e o que de concreto foi acordado ou aflorado nesta mais recente viagem? Faço um balanço muito positivo porque, primeiro, criámos as primeiras bases para a criação de relações institucionais entre dois países do continente, países com tanto em comum, pela via da presença do Paulo Kussy representante do Ministério da Cultura; segundo, por termos reforçado a interação entre as Artes Angolanas, pela pessoa do António Ole e três plataformas fortíssimas Marroquinas i.e. a Feira de Arte Contemporânea Africana 1-54, o Museu MACAAL e a Fundação Montresso, que mostraram conhecer a obra do Artista e quererem pesquisar mais.

Estabelecemos um diálogo vivo entre representantes e protagonistas de dois países africanos numa óptica de diplomacia cultural com o importante apoio da Embaixada de Marrocos em Luanda, e da Saham Seguros e Royal Air Maroc – ambas com presença em Angola.