“90% das infecções do VIH em crianças é através da transmissão vertical”

“90% das infecções do VIH em crianças é através da transmissão vertical”

A gestora pública, que fez essa revelação recentemente, ao proceder a apresentação do “Plano Operacional para Prevenção da Transmissão do VIH de Mãe para Filho”, anunciou que a pretensão é reduzir a taxa de transmissão do vírus neste segmento, de 26 por cento em 2019 para 14 por cento até 2021. De acordo com Lúcia Furtado, perto de 100 por cento das infecções do VIH em crianças podem ser evitadas, cumprindo com a obrigação de diagnosticá-lo e tratá-lo durante as fases do programa de prevenção da transmissão vertical. Declarou que existem três períodos que podem passar o vírus da mãe para o seu bebé, nomeadamente, durante a gestação, o parto e ou na amamentação.

O primeiro período, o da gestação, é considerado como intrauterino com 35 por cento de possibilidade da mãe infectar o seu bebé. Já o período peri-parto e de trabalho de parto têm a possibilidade de 65 por cento dos casos. Nesses dois períodos, o que determina a paciente da passagem do VIH para o filho é a carga viral da mãe. No entender da médica, daí a importância de diagnosticar a mãe, logo na primeira consulta pré-natal. “Quanto mais cedo ela é diagnosticada, mais cedo começa o tratamento e na altura do parto apresentará uma carga viral indetectável. Insuficiente para passar no seu bebé. Por isso, é muito importante o tratamento anti-retroviral”, afirmou. Explicou ainda que durante a amamentação, a chance de passar é de 30 por cento. Todavia, se durante o parto ou a amamentação ela contrair ou vier a ser infectada, neste período, a carga viral também será alta pode passar o VIH ao seu bebé sem saber.

Tratamento vai além do período de gestação

Lúcia Furtado apontou como outro facto de propagação da doença o facto de as gestantes não terem muita informação, algumas acabam presumindo que o tratamento se cinge-se somente durante a gravidez e termina com o parto. “Nós, os profissionais da saúde, já criamos um vínculo com essa mãe e auguramos que passa por todas as fases. Quando ela deixa de tomar os antis-retrovirais, aí a carga viral aumenta e pode passar para o seu bebé”, disse. Fez saber que há alguns, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendava que as mães infectadas deviam suspender a amamentação, porém, em países de recursos limitados, como alguns africanos, surgiram muitos problemas devido ao alto índice de pobreza e fome. As mães não tinham o leite artificial para dar a criança.

Em função dos resultados de vários estudos, a OMS adoptou uma nova estratégia. Passou a recomendar que, nesta fase, se reforçe o tratamento com anti-retroviral as gestantes e, se não tiverem a possibilidade de usar leite artificial, podem continuar a amamentar. Acredita-se que por tal ocorrer em simultâneo com o tratamento anti- retroviral, a carga viral é indetetável e não passa para o seu filho. A directora do INLS salientou que do programa de Prevenção da Transmissão do VIH arrancou, em 2014, com apenas três unidades de saúde, como um projecto-piloto, em Luanda. Entre 2005 e 2006 se expandiu a todas as capitais de províncias com uma unidade de referência com este programa. “Em 2007 começamos a integração do programa com outros programas, nomeadamente, o Programa de Saúde Sexual Reprodutiva, o que permitiu o acesso as gravidas ao diagnóstico e tratamento”, frisou.

Carga viral determina maior ou menor risco de transmissão

“A carga viral é que determina o maior ou menor risco de transmissão, quer por via vertical de mãe para o filho, quer por via sexual ou por via sanguina”, frisou a médica. Acrescentou de seguida que “a estratégia de prevenção da transmissão vertical reduz a infecção em crianças expostas para menos de 5 por cento. A taxa de transmissão de infecção quando a gravida é diagnosticada e está no Programa de Transmissão Vertical a fazer o tratamento vária de 2 á 30%”. O Plano Operacional de Prevenção da Transmissão do VIH de mãe para filho-2019-2021 vai permitir tratar precocemente crianças seropositivas, através do diagnóstico precoce infantil e da aplicação de aconselhamento e testagem a iniciativa do provedor.

Estes depoimentos foram prestados durante o encontro que a primeira-dama da República, Ana Dias Lourenço, manteve com as esposas dos governadores provinciais e embaixadores do projecto de combate ao VIH. Este projecto está inserido na campanha “Nascer Livre para Brilhar”, lançada em Dezembro de 2018, pela Ana Dias Lourenço. O mesmo prever que até 2030, Angola esteja sem Sida pediátrica, em função do acesso gratuito a serviços de qualidade de prevenção de transmissão de mãe para o filho e de prevenção, cuidados e tratamento do VIH, com base no respeito dos direitos humanos, género e equidade.