Falta de protecção facilita crescimento de casos de violência infantil

Falta de protecção facilita crescimento de casos de violência infantil

O coordenador do programa SOS Criança, José Caxinda, aponta a falta de protecção por parte das famílias e do Estado como estando na base do aumento de casos de agressão e violência infantil. Segundo o responsável, é crescente no nosso país o número de situações agressivas a que estão submetidas muitas crianças angolanas, por falta de uma política social efectiva e de proximidade, que vise a protecção complementar das crianças dentro e fora do ambiente familiar. Muitas crianças, pelos bairros, deambulam sem o olhar atento do Estado e das famílias, e isso tem feito com que os agressores encontrem, neste vazio, uma porta de entrada para o cometimento de todos os casos de violência, com destaque para o abuso sexual e exploração para o mercado de trabalho.

De forma a contrariar essas práticas, o coordenador do projecto SOS Criança, programa de apoio às crianças vulneráveis, que trabalha em parceria com o UNICEF e o Instituto Nacional da Criança (INAC), defende uma maior intervenção do Estado em prol da protecção e dos cuidados dos menores, sobretudo os da zona periféricas, por serem os mais vulneráveis. Para esse grupo de crianças, o activista cívico defende, a criação, com urgência, de centros e creches comunitárias que possam albergar os menores enquanto os seus pais estão a trabalhar. Para ele, esse mecanismo pode contribuir, significativamente, para a redução dos casos de violência. “Nós andamos pelos bairros e temos noção do quanto andam desprotegidas as nossas crianças.

Não se admite. Isso atrai os violadores. E, no âmbito dos mecânicos de defesa e protecção dos direitos da criança, é obrigação do Estado a criação de infra-estruturas que visem proteger os mais desfavorecidos”, notou. De forma a reflectir sobre os principais problemas que afectam as crianças angolanas, José Caxinda deu a conhecer que a sua organização, em parceria com outras instituições, vai realizar, nos próximos tempos, um ciclo de conferências para analisar o grau de implementação das políticas de protecção dos direitos dos menores. A ideia, explicou, é encontrar mecanismos, por via de um diálogo aberto e franco, que possam contribuir para a redução das insuficiências. “Não podemos continuar a pensar nas crianças apenas no mês de Junho. É preciso trabalhar todos os dias no fortalecimento das bases de protecção dos direitos dos menores. É assim que temos de reflectir”, concluiu.