Projecto de grafite na Serra da Leba traz a Angola artistas de São Paulo

Projecto de grafite na Serra da Leba traz a Angola artistas de São Paulo

Os Murais da Leba continuam em frente no seu desafio de se tornar na maior exposição de arte grafite a céu aberto do continente africano. Desta vez, os convidados do projecto para pintar na Serra da Leba são os artistas Zéh Palito e Diego Mouro, do Estado de São Paulo, Brasil. Os artistas que se encontram em Luanda desde Quinta-feira, 2 de Maio, partiram em vôo doméstico para a cidade do Lubango, capital da Huíla, Sábado e depois de carro para Moçâmedes, a capital do Namibe, passando pela Serra da Leba, na Estrada Nacional 280.

A pintura do novo mural será feita a partir de Segunda até Quarta-feiras da próxima semana, em colaboração com artistas e estudantes de artes visuais das referidas províncias do Sul de Angola. Depois da pintura do novo mural na Serra da Leba, os dois artistas paulistas regressam a Luanda, onde são esperados para uma roda de conversa sobre grafite, com artistas, estudantes e professores do– Complexo de Escolas de Arte (CEARTE), a acontecer dia 9 de Maio, no Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA).

Prevê-se ainda, de acordo com a direcção do Colectivo Murais da Leba, a pintura de um mural colectivo na capital do país. Zéh Palito e Diego Mouro foram convidados pela direcção do Colectivo Murais da Leba após terem participado na pintura de um painel colectivo com o artista angolano Manuel André “Rafa”, no centro da cidade de São Paulo, numa iniciativa apoiada pela rede social Instagrafite para celebrar o Dia Nacional do Grafite naquele país. Os dois artistas brasileiros estiveram ainda presentes no lançamento do filme documentário “As cores da serpente”, sobre os Murais da Leba, o que despertou neles o interesse em vir para Angola. Nascido na cidade de Limeira, interior de São Paulo, Danilo Ricardo Silva, ou simplesmente Zéh Palito, é um artista que adora a natureza e que procura, através da sua obra, incentivar os habitantes das cidades do mundo a olhar novamente a natureza com um pouco mais de encantamento.

Os seus murais coloridos apresentam animais, plantas, pessoas e formas abstractas. Tem trabalho exposto em vários países do mundo, como França, Coreia do Sul, Estados Unidos, Síria, Dubai, Bélgica, Chile, Espanha, Alemanha, Polónia, Japão, Tailândia, Vietname, Argentina e Zâmbia, além do Brasil. Diego Hernandez de Lima é natural de São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo, mas reside no centro da capital paulista. O seu trabalho tem como tema central o resgate da ancestralidade, com obras que representam o respeito e a honra às histórias dos seus antepassados. Com descendência indígena e africana, Diego Mouro promove na sua pintura o encontro de elementos e símbolos tradicionais de ambas culturas, que se misturam de forma categórica e firme, mas ao mesmo tempo com leveza e poesia. Os seus murais estão presentes em cidades como Natal, Salvador e São Paulo.

Diego Mouro já apresentou obras em exposições colectivas em instituições nacionais como Red Bull Station (2018) e apArt Gallery (2017), ambas em São Paulo. Têm ganho espaço no cenário internacional através da participação em mostras como “Confluences”, realizada no Espace d’art Contemporain Le Grape 27, em Paris, França (2017) e agora num festival de arte de rua realizado em finais de Abril deste ano, em Joanesburgo, África do Sul. Esta é a segunda vez que artistas do Brasil são recebidos para pintar na Serra da Leba em parceria com artistas angolanos, numa iniciativa que visa promover o intercâmbio artístico entre os dois países e valorizar o grafite como arte, sobretudo em Angola. Os Murais da Leba, recorde- se, é um projecto lançado em 2015, com o propósito de dar beleza artística em seis mil metros quadrados de parede na Serra da Leba, tendo como mentor o jornalista angolano Vladimir Prata e director artístico o pintor de Thó Simões.