Exame de mamografia chega ao hospital público da Huíla

Exame de mamografia chega ao hospital público da Huíla

POR: João Katombela, na huila

As pacientes com sintomas de cancro da mama, residentes na província da Huíla deixaram, desde ontem, de ter de se deslocar a outras partes do país para realizar o exame de mamografia, com a entrada em funcionamento do primeiro laboratório. O centro de testagem, o primeiro na província, está instalado no Hospital Central do Lubango Dr.António Agostinho Neto, com capacidade para atender diariamente entre dez a 12 pacientes. Maria Nunes, a directora-geral da unidade sanitária, garantiu que estão todas as condições criadas para a realização do teste na província, sendo que as enfermeiras que vão manejar o equipamento já receberam formação na área.

Sem adiantar os custos da aquisição do material, Maria Nunes explicou a importância da mamografia na prevenção e cura do cancro da mama, que enferma mulheres com mais de 40 anos. “Este equipamento vai trazer mudanças importantíssimas para a população feminina desta província e de outras que poderão usufruir dos seus serviços, porque permite detectar precocemente qualquer lesão suspeita de malignidade”, disse. Maria Nunes esclareceu que o exame não será completamente gratuito, havendo, para o efeito, uma comparticipação em alguns casos. De forma a sensibilizar as mulheres para a adesão aos exames de mamografia, a referida unidade sanitária está a levar a cabo um programa no âmbito da segurança no trabalho, que obriga a que todas as trabalhadoras, a partir dos 40 anos de idade, a realizarem periodicamente o teste.

“A nossa preocupação, por enquanto, é de sensibilizar todas as mulheres da província e não só a fazerem o teste de forma a poder controlar a doença, já que existe uma protecção do Estado em relação às doenças cancerígenas”, detalhou. Em relação a imagiologia, que funciona com algumas debilidades, Maria Nunes disse que os equipamentos que possibilitam a realização de exame de tomografia computorizada (TC), que se encontram paralisados há vários anos, apresentam poucas chances de serem recuperados. Sobre os factores que contribuiu para a sua paralisação, disse que “os aparelhos estragaram pelo facto de terem sido mal usados durante dez anos”. “Está a ser muito difícil a comunicação com a empresa que representa a marca do equipamento. Estão a apresentar orçamentos muito caros, na minha opinião. Se calhar vamos optar por um TAC novo, porque nada nos garante que um aparelho que está parado há três anos e que foi maltratado durante dez anos vá funcionar bem”, afirmou.

Um instituto para milhares de pacientes

O Instituto Angolano do Controlo do Cancro realiza diariamente 500 consultas em que são diagnosticados 10 novos casos de cancro. A informação foi avançada recentemente pela directora clínica, Isabel Sales, durante uma visita de constatação à instituição efectuada pelos deputados da 10ª Comissão da Assembleia Nacional, em 2018. A gestora explicou, na ocasião, que em 2017 foram diagnosticados 1300 novos casos de cancro, num universo de 6800 pacientes que estão sob controlo da unidade hospitalar. Na época, o serviço era assegurado por cerca de 30 especialistas, para um instituição com capacidade para 50 internamentos, 30 para adultos e 20 para crianças.