Entidades ligadas ao carnaval de Luanda falam dos desafios da modernidade e do Kabocomeu

Entidades ligadas ao carnaval de Luanda falam dos desafios da modernidade e do Kabocomeu

Dois temas, nomeadamente “Estudo de caso: União Operário Kabocomeu” e “Fontes de Financiamento do Carnaval”, dominaram os debates em torno dos desafios do Carnaval da Modernidade, no Espaço Verde Caxinde, em Luanda. O colóquio promovido pela Associação Cultural e Recreativa Chá de Caxinde, em parceria com a Fundação Agostinho Neto, reuniu individualidades e pessoas ligadas ao Carnaval de Luanda, às letras, às artes plásticas, às indústrias culturais e esteve dividido em dois painéis:

O primeiro concentrou-se no “Estudo de caso: União Operário Kabocomeu”, onde foram debatidos e analisados aspectos ligados à história do grupo, entre os quais a dança ao nível organizativo, os passos a seguir para representação, as peripécias por que têm passado para se manter em firmes que contou com a prelecção de Eugénio Coelho e Tony Frampêncio. Trata-se de um grupo de referência para a cultura nacional, por ter conquistado o primeiro título do Carnaval angolano no pós-independência, em 1978.

O segundo painel, com a moderação de Agnela Barros, esteve direcionado à “Fontes de Financiamento do Carnaval” e teve como prelector Aguinaldo Cristóvão, director do Gabinete Jurídico do Ministério da Cultura. Durante os debates foram analisadas as fontes de alternativas de financiamento do Carnaval, para complementar os subsídios atribuídos pelo Orçamento Geral do Estado.Aguinaldo Cristóvão realçou que os grupos carnavalescos são financiados directamente pelo Governo, sendo esta a fonte primária, podendo de modo complementar, aceder ou requerer apoios pelos programas públicos de financiamento à cultural já institucionalizados, os quais têm como pressuposto a existência de disponibilidade orçamental e um projecto concreto, sustentável e orçamentado.

Apontou fontes de financiamento internas e a Lei do Mecenato como as mais importantes, tendo clarificado que tais medidas devem ser avaliadas e implementadas devido à falta de capacidade financeira do Ministério da Cultura para continuar a suportar as despesas dos grupos carnavalescos do país.

O responsável fez saber que a mais importante fonte de financiamento dos grupos carnavalescos deve provir dos cidadãos, das empresas e as decorrentes de parcerias. Sublinhou que a revisão do regulamento do Carnaval, assim como a clarificação do papel do Estado no financiamento do Carnaval, serão fundamentais para a transformação num produto que reflicta a cultura e artes do país e promotor das indústrias culturais, e do turismo.

Propostas

Quanto à organização do Carnaval, os participantes dos diferentes debates, propuseram que a Associação Provincial do Carnaval de Luanda (APROCAL), renovada, continuasse a encarregar-se dos desfiles e de toda a preparação do Entrudo.

Esta associação foi também alvo de duras críticas por não realizar eleições regulares, o que no entender dos participantes, em particular da Associação Chá de Caxinde, os candidatos devem ser subscritos pelos grupos.

Já no que diz respeito aos grupos carnavalescos, sugeriram que estes fossem organizados em associações culturais com actividade durante todo o ano e ter um projecto para apresentar aos possíveis patrocinadores.

Acrescentaram que o Estado deve apoiar os grupos numa primeira fase, de modo a ter personalidade jurídica, e quanto aos colectivos patrimoniais, estes não poderão descer de escalão.

Já em relação à apresentação dos grupos nos desfiles, os participantes advogaram que seja planificada, tendo os trajes, os acessórios, o bandeirão, e alegorias, estarem de acordo com o tema. Mais pormenores na próxima edição.