Um continente africano diversificado e culturalmente rico é a base para contar histórias

Um continente africano diversificado e culturalmente rico é a base para contar histórias

Mais de mil línguas são faladas em todo o continente e essa variedade traduz-se em grandes histórias para contar. Yolisa Phahle, a CEO de Entretenimento do MultiChoice Group, explica porquê que agora é o momento das vozes africanas receberem a exposição e representação que merecem.

Hoje, África conta com uma população de 1,1 mil milhões, assim como a população mais jovem. Até 2050 duplicará e deverá gerar 10 a 15% do aumento do PIB nos próximos 15 anos. Estas mudanças fundamentais reflectem-se ainda num pontochave de especial interesse para nós: o valor gasto em entretenimento e meios de comunicação social (E&M).

De acordo com o estudo realizado pela PwC South Africa no ano passado, espera-se que o E&M consumido na África do Sul atinja os US$12,3 milhões de dólares em 2022. A Nigéria registou um aumento de 25,5% na receita de E&M em 2017 para US$3,8 mil milhões. A indústria de E&M do Gana aumentou para mais do triplo o valor desde 2013. A receita total de E&M na Tanzânia aumentou 28,2% e situou-se em 500 mil milhões de dólares em 2017.

É um crescimento substancial e levanta o seguinte conjunto de questões: à medida que o consumo de entretenimento aumenta, o que podemos dizer sobre a natureza desse consumo? Onde é produzido esse entretenimento e por fim, que histórias inclui?

Bem, para começar, uma grande fatia desses meios de comunicação é a televisão. Vemos muita TV. O Quénia vê o dobro da média mundial. A África do Sul e a Nigéria não ficam muito atrás. Em segundo lugar, uma quantidade cada vez maior desse conteúdo televisivo é produzida por Agências de produção africanas e conta histórias africanas. A razão para o aumento é simples: a procura existe e a oferta é escassa. Nós, como continente, estamos famintos da narração de histórias locais.

Existe claramente um mercado para apoiar o investimento contínuo e em crescimento de conteúdo de produção local e existe ainda uma razão comercial claro para o fazer. A capacidade para apoiar efectivamente estes contadores de histórias africanas diferenciará certamente as ofertas da concorrência.

Tudo isto significa que a produção de conteúdos locais em África vai continuar. Neste momento, a MultiChoice, como o maior criador de conteúdo local no continente, produz 4500 horas de conteúdo africano e gasta US$173,8 milhões nesse conteúdo anualmente.

Produz conteúdo em 17 línguas para distribuição através de 22 canais adaptados a mercados africanos específicos em 50 países. Em 2013, o gasto em conteúdo local foi em média 30% do gasto total em conteúdo. Em 2018, a média foi de 39%. Em 2022, situar-se-á potencialmente nos 45%.

Os efeitos desta despesa, para além de satisfazer a procura dos telespectadores, inclui ainda o desenvolvimento de competências para narrar as inúmeras histórias do continente berço, ou seja é precisa formar fazedores de cinema para o aumentar o número de produtoras independentes por toda a África e a crescente contribuição na produção de conteúdo local para a criação de emprego e para o crescimento económico.

A par com o aumento da despesa em conteúdo local – a MultiChoice contribuiu com mais 500 mil milhões de rands (34,6 mil milhões de dólares) para a indústria local de entretenimento sul-africana entre Abril e Setembro do ano passado, elevou o seu escritório de Nairobi de nível central à regional. E abriu mais três escritórios na África Oriental, Ocidental e Central – as barreiras à entrada, em termos de custo de equipamentos e processos, continuam a cair acentuadamente.

O resultado é incrivelmente animador: uma multiplicidade de histórias contadas de forma criativa e diversa que reflecte o nosso passado cultural e posição única no mundo. Para criadores de conteúdo, distribuidores e telespectadores de toda a África, este é um bom momento para deixarem o seu cunho na revolução televisiva africana.

Yolisa Phahle