Comboios voltam aos carris hoje

Comboios voltam aos carris hoje

Os comboios do Caminho de ferro de Luanda (CFL) retomam a partir de hoje a prestação de serviço sem restrições, após o braço de ferro de cerca de quatro meses entre a comissão sindical e a administração da referida empresa. Em depoimento a OPAÍS, o secretário para a informação da Comissão Sindical dos Trabalhadores do CFL, Lourenço Contreiras, afirmou que a decisão foi tomada durante a última reunião de negociação, que teve lugar na Sexta- feira, 24, na qual foi assegurado que o aumento salarial de 80 por cento (defendido pelos trabalhadores grevistas) será implementado de forma faseada, isto é até 27 de Agosto.

De realçar que, além dos membros do Conselho administrativo do CFL, o encontro teve a participação de dois assessores do Secretário de Estado para os transportes terrestres e um funcionário da Inspecção Geral do Trabalho. “Havendo o consenso entre as partes na presença de testemunhas, foi lavrada a acta e assinada. Por esta razão estamos convencidos de que os nossos direitos serão assegurados”, disse. Por outro lado, Lourenço Contreiras realça que a intervenção do Conselho Nacional da Juventude fez pressão para que fosse registado o entendimento entre as partes, visto que desde 14 de Janeiro de 2019, altura em que foi anunciada a greve pela primeira vez, a direcção administrativa mostrou resistência na questão do incremento salarial. De referir que a comissão sindical defende que o ordenado mínimo dos funcionários do CFL para as categorias mais baixas (auxiliar de limpeza) seja de 72 mil Kwanzas, mais os subsídios, contrariamente aos 40 mil em vigor.

CFL alega plano de negócio condicionado

Contactado pelo OPAÍS, o porta- voz dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, Augusto Osório, afirmou que, durante o encontro, não foram avançados “prazos de implementação” visto que o aumento salarial depende das receitas produzidas, da disciplina e empenho dos trabalhadores. Salientando que o mesmo também dependerá do plano de negócio em curso. Sobre o assunto, realçou a suspensão do serviço do troço de via Zenza- Cacuso, por mau-estado de conservação, que está a causar inúmeros constrangimentos. “Aquele troço é do tempo colonial e não está em condições para que se faça a circulação”, alertou, acrescentando que tal facto contribuí para a redução das receitas. Por outro lado, destaca haver necessidade de os trabalhadores serem mais responsáveis no exercício das suas funções, visto que actualmente existe muito material circulante, isto é, locomotivas, em mau estado de conservação por descuido, causando, nalguns casos, até acidentes.