Destacado contributo de historiadores sobre a verdade do passado de África

Destacado contributo de historiadores sobre a verdade do passado de África

O contributo de alguns historiadores africanos, como o senegalês Cheikh Anta Diop, na restituição da verdade sobre o passado histórico do continente, alegadamente deturpado por potências coloniais, foi destacado em Mbanza Kongo, província do Zaire, no âmbito do Dia de África, assinalado neste Sábado, 25 de Maio.

Em declarações à Angop, o vice-decano da escola superior politécnica de Mbanza Kongo, Zolana Avelino, referiu-se à contribuição de Cheikh Anta Diop, considerando ser um dos académicos africanos que em vida se bateu para a reapropriação da versão histórica sobre o continente berço.

Lembrou que Cheikh Anta Diop (1923-1986) historiador, antropólogo, físico e político senegalês foi referenciado pela sua contribuição para a restituição da verdadeira versão histórica sobre África. Recordou, ainda, que este intelectual africano, que se formou na Universidade de París, dedicou-se ao estudo das origens da raça humana e cultura africana pós-colonial e é o autor da obra “ “A Origem Africana da Civilização: Mito e Realidade”, publicada em 1974. “Com a referida obra científica, Cheikh Anta Diop ganhou uma ampla audiência, ao proclamar que evidências arqueológicas e antropológicas apoiavam a sua posição de que os Faraós eram de origem negroide”, enfatizou.

Também sociólogo, Zolana Avelino destaca que com esta obra, Cheikh Anta Diop sustenta, de facto, que a África é o berço da civilização, ao provar que os faraós do Egipto, país tido como o berço da civilização da humanidade, têm também uma origem negroide. Para a fonte, CheiKh Anta Diop fez uma correcta leitura do contexto ao tentar reescrever a versão histórica sobre África com base na visão dos próprios africanos. “A África sempre foi apresentada como um continente sem história, facto que começou a ser desmentido por este e outros estudiosos africanos, que provaram também que o nosso continente é o berço da civilização ao restabelecerem a relação que existe entre a África negra e o Egipto”, apontou. Disse ser ainda um processo reescrever a versão verdadeira da história de África, um desafio da actual geração de africanos no sentido de dar continuidade àquilo que já foi feito neste sentido. O Dia de África é assinalado anualmente a 25 de Maio, em todo o continente, para comemorar a fundação da Organização da Unidade Africana, hoje União Africana, a 25 de Maio de 1963.