Filhos de Savimbi reafirmam fidelidade à UNITA

Filhos de Savimbi reafirmam fidelidade à UNITA

A afirmação é de Cheya Sakaita Savimbi , que falava ontem em conferência de imprensa, nesta cidade, em nome de todos os filhos de Jonas Savimbi. Cheya Sakaita, 45 anos, ladeado pelos irmãos Rafael Massanga Savimbi e Tau Savimbi, reagia assim às declarações do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Pedro Sebastião, tecidas numa outra conferência de imprensa realizada nesta Terça-Feira, 28, no município de Andulo. Pedro Sebastião denunciou que a direcção da UNITA está a criar obstáculos à entrega dos restos mortais de Jonas Savimbi para a realização de um funeral por ter entrado em contradição com a família do malogrado.

Cheya Savimbi disse não fazer sentido haver divergência entre a família e a direcção da UNITA, pelo facto de ambas as partes estarem de acordo em todos os aspectos para a inumação do seu progenitor. “Queremos enterrar o nosso pai com dignidade e verdade”, afirmou, esclarecendo que desde o início deste processo estão a tratar juntos o assunto com o Governo, através da Comissão Multisectorial para as Exéquias Fúnebre de Jonas Savimbi, integrada por membros da direcção da UNITA, Governo e família. Na conferência de imprensa, Pedro Sebastião afirmou que o Governo previa entregar formalmente o corpo nesta Terça- feira no Andulo, mas a UNITA tinha um programa paralelo, tendo-se recusado a receber os restos mortais de Jonas Savimbi.

Samakuva escreve ao PR

No encontro com os jornalistas na cidade do Cuito, foi anunciado que o presidente da UNITA, Isaías Samkauva, endereçou uma carta de carácter urgente ao Presidente da República, João Lourenço, cujo conteúdo não foi revelado. Mas uma fonte da UNITA admitiu a OPAÍS que a mesma esteja relacionada com os últimos acontecimentos desta Terça-feira, relativamente ao enterro de antigo líder da UNITA.

Restos mortais seriam recebidos no Cuito

Ainda na senda destas divergências, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala Simões, em declarações exclusivas a OPAÍS, informou que a UNITA, o Governo e a família tinham concordado que os restos mortais fossem entregues na cidade do Cuito, onde deviam ser velados, mas foram transladados para o Andulo sem consentimento da UNITA e da própria família. Sakala disse ter havido má-fé por parte do Governo por não ter cumprido o que inicialmente tinha sido concordado, acrescentando que esta alteração, apesar de não alterar o programa, provocou constrangimentos de vária ordem.

Apesar desta situação, atendendo as declarações de Alcides Sakala, o programa para as exéquias fúnebres vai ser cumprido na íntegra, cuja primeira parte decorreu Terça-feira com a realização de uma vigília no Cuito. Ontem, acção idêntica decorreu na cidade do Huambo, em acto antecedido de um breve discurso do presidente do partido, Isaías Samakuva, que informou aos militantes, simpatizantes e amigos sobre a importância do acto em memoria ao seu antecessor. Nesta Quinta-feira, com base no programa de actividades, as delegações que vão testemunhar o enterro de Jonas Savimbi partem da cidade do Huambo para o Andulo. No dia seguinte seguem para a localidade da Lopitanga e no Sábado acontece a cerimónia de sepultamento.

Preparativos

Entretanto, uma delegação encabeçada pelo deputado Ernesto Mulato, integrada ainda por Maurílio Luiele e Tau Savimbi, seguiu ontem para o Andulo a fim de contactar as autoridades militares da unidade onde foi deixado o corpo, para depois seguir- se os outros procedimentos programados. Para além das viúvas, segundo apurou este jornal, estão presentes todos os filhos de Jonas Savimbi para dar o último adeus ao seu progenitor. Jonas Savimbi morreu em combate a 22 de Fevereiro de 2002, no Lucusse, província do Moxico, coincidentemente, onde ele fundou o partido que dirigiu até à sua morte.