A Quiçama radiografada por Bornito de Sousa

A Quiçama radiografada por Bornito de Sousa

Há anos que OPAÍS calcorreia por essas zonas dando voz aos munícipes que vivem as peripécias de uma terra rica em recursos naturais e turísticos, mas que não se desenvolve por falta de investimentos. Nesta edição, o jornal faz uma radiografia sobre as principais dificuldades que a população enfrenta e espera ver resolvidas depois da visita. A população que é maioritariamente camponesa, cultiva massambala, mandioca em grande escala, o milho, variedades de feijão, abóbora, e em pequena escala produtos da horticultura e citrinos, pelo que vive da agricultura e da pesca artesanal quando chove muito.

Vias de Acesso

As vias de acesso constituem o principal entrave para o desenvolvimento do município. Para escoarem os produtos, os camponeses de Dembo-Chio, uma das localidades mais distantes da sede do município, recorrem a camionistas interessados em fazer permutas. Os camionistas dirigem-se às aldeias de Dembo-Chio levando produtos da cidade e trocam com os do campo. Mas essa situação altera-se de Dezembro a Abril, porque “tudo fica parado devido ao mau estado da via e, como consequência, os produtos agrícola estragam-se”. Outra inquietação é a falta de materiais para o cultivo.

Educação

O município tem 24 escolas. Na Muxima há sete, sendo cinco do Primário, uma do I Ciclo e uma do II Ciclo; no Cabo Ledo, cinco do Primário e uma do I Ciclo; no Mumbondo há três escolas do Primário e uma do I Ciclo; Demba-Chio tem duas escolas do Primário e uma do I Ciclo. Já no Quixingue há três escolas do Primário e uma do I Ciclo. No entanto, há pelo menos uma escola devidamente apetrechada mas com falta de alunos e de professores por estarem distantes das zonas habitacionais. O programa de merenda escolar beneficiou, no ano passado, somente 14 escolas, conforme revelou o administrador municipal, Vicente Soares, em entrevista recente ao jornal OPAÍS.

Energia eléctrica

O fornecimento desse serviço público é assegurado por grupos geradores. Na sede municipal é assegurado por dois geradores. As sedes das comunas contam com um gerador cada, mas enfrentam constrangimentos para fazer chegar a luz eléctrica às residências. O fornecimento de combustível para tais máquinas é outro desafio a ser vencido.

Água potável

Apesar de ser banhado por dois grandes rios, o Cuanza e o Longa, o fornecimento de água potável ainda é uma miragem. As autoridades locais alegam que tem sido difícil por causa da distância que separa os rios das zonas habitacionais. A comuna de Cabo Ledo, por exemplo, está localizada numa área que dista cerca de 40 quilómetros do rio Cuanza, e 80 km do Rio Longa. A administração municipal tem um projecto e para transportar a água do rio Cuanza para essa comuna e um outro projecto de dessalinização, que só não estão a ser implementados por razões financeiras. Nas demais, o abastecimento de água à população é feito por via de camiões-cisterna. O que não tem sido eficaz devido a avarias que se registam nos mesmos. Já os habitantes na vila da Muxima são os mais privilegiados. Está em construção uma nova Estação de Tratamento de Água (ETA). A actual não satisfaz as necessidades.

Saúde

Vinte e uma unidades sanitárias, entre as quais um hospital municipal, dois centros de referência e um centro cirúrgico materno infantil proporcionam assistência médica aos mais de 30 mil munícipes, de acordo com o Censo de 2014. O maior constrangimento do sector está nos recursos humanos, pelo que precisam de mais nove médicos de diferentes especialidades, designadamente pediatria, genecologia e obstetrícia, medicina interna, cirurgia, e 30 enfermeiros. Quanto às patologias mais frequentes na região são a malária, doenças respiratórias, diarreicas, febre tifoide e esquistossomose. A cegueira dos rios também figura entre as enfermidades que apoquentam uma franja da população.

Pólo turístico

É actualmente o município com maior potencial turístico de Luanda pelo facto de ter o Parque Nacional da Quiçama, o Pólo Turístico do Cabo Ledo e o Santuário da Muxima. Os diferentes projectos turísticos que foram arquitectados não foram implementados devido à crise.

Projectos previstos no OGE 2019

O Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2019, substituído pelo que foi ontem aprovado na generalidade, prévia a dotação de mil milhão, 426 milhões, 418 mil e 412 Kwanzas. Com este montante previa-se a construção do Centro de Captação e Tratamento de Água da Muxima, de uma nova sede para a construção e apetrechamento da Administração Municipal da Quiçama, de um posto de Polícia e de um campo polidesportivo na Quiçama. O orçamento previa ainda a construção e apetrechamento das administrações comunais Demba Chio, Cabo Ledo, Mumbondo e Quixinge. A extensão da rede de energia eléctrica da nova urbanização da Quiçama também está orçamentada.