Augusto Tomás “força” prolongamento do interrogatório para a próxima semana

Augusto Tomás “força” prolongamento do interrogatório para a próxima semana

Como narrou OPAÍS em matérias anteriores, há uma “perfeita harmonia” entre Augusto Tomás e a aqueles que o defendem e faz uso do princípio legal de que o “réu não é obrigado a incriminar-se”. O ex- ministro, pouco ou quase nada acrescentou ao que já se sabia. Ao insistente questionamento quanto ao destino dado aos fundos arrecadados pelo Conselho Nacional de Carregadores, CNC, sempre reiterou ao tribunal que a gestão daquele instituto não tinha nada a ver com as suas atribuições. Para Tomás, sempre foram produzidos relatórios e balancetes endereçados e escortinados pelas entidades e órgãos competentes durante sucessivos anos, pelo que é escusado apenas agora ele ser chamado a responder sobre eventual “irregularidade”.

O então ministro, com as suas respostas estratégicas, acabou por forçar uma espécie de “prolongamento” ao jogo de perguntas e respostas, pois o jurado suspendeu ontem a sessão e marcou a retomada apenas para a próxima Terça-feira, sem que conseguisse “arrancar” algo de “substancial” ao réu. Portanto, Tomás reitera a sua inocência e remete aos que lhe movem a acção o mote e responsabilidade de provar os supostos crimes. Lava as águas e, apesar de estar disponível a responder para se apurar alguma coisa que satisfaça a acusação, não será com certeza com a sua ajuda. Nesta Quinta-feira, 7, foi ouvir mais do mesmo, aliás, esta foi a tónica ao longo destes 5 dias que leva um dos mais mediaticos casos da actualidade doméstica em angolana.

Depois de alguns momentos aparentemente enfadonhos, o juiz presidente da sessão, Joel Leonardo, marcou a próxima para as 9 horas da próxima Terça-feira, dia em que será ainda Tomás a ser interrogado e podem ser conhecidas medidas de alteração da situação carcerária dos réus por motivos de saúde, caso requerimentos remetidos pelas defesas sejam deferidos. Augusto Tomás está a ser acusado de desvio de avultadas somas monetários arrecadas pelo Conselho Nacional de Carregadores no período compreendido entre os anos de 2008 e 2017. Segundo o MP, o então ministro terá desencaminhado 40 milhões de Dólares americanos, 13 milhões de Euros e um bilhão e meio de Kwanzas.

Os restantes acusados no mesmo processo são Isabel Cristina Gustavo Ferreira de Ceita Bragança e Rui Manuel Moita, ex-directores- gerais adjuntos para as Finanças e para a área Técnica, Manuel António Paulo, então director- geral, e Eurico Alexandre Pereira da Silva, ex-director adjunto para a Administração e Finanças, ambos do Conselho Nacional de Carregadores (CNC). O CNC é um instituto público adstrito ao Ministério dos Transportes e tem como atribuições a coordenação e controlo das operações de comércio e transporte marítimo internacionais, bem como a actualização, uniformização e simplificação dos métodos e normas de execução com a missão de apoiar na certificação dos negócios marítimos.