O Comité Central do MPLA decidiu ontem suspender um dos seus membros, Welwítschia José dos Santos “Tchizé”, assim como aprovou a instauração de um processo disciplinar contra a mesma, por atentar contra os princípios estatutários e a éticos do partido dos “camaradas”.
A informação foi avançada em comunicado, ontem, no final da V reunião extraordinária Comité Central do MPLA, esclarecendo os motivos da medida como estando baseados no artigo 35 dos Estatutos do MPLA.
As medidas sobre a filha do ex-presidente do MPLA e da República, José Eduardo dos Santos, são resultado da “conduta que atenta, segundo o comunicado, contra a regra de disciplina à luz do Estatutos e a ética do partido”-lê-se no documento.
Esta reunião, que visou preparar o VII Congresso Extraordinário do MPLA, acabou por afastar do congresso Tchizé dos Santos, ela que já havia prometido, dias antes, tecer duras críticas a governação de João Lourenço.
Em reacção à medida, Tchizé considera-a parcial, uma vez que, alega, várias figuras do partido já fizeram críticas ‘duras’ a antiga direcção e nunca mereceram igual tratamento.
A também deputada vai mais longe acusando o actualmente Presidente da República, João Lourenço de ser “ditador”.
Entretanto, durante 4 horas de reunião à porta fechada, os membros do Comité Central abordaram, dentre vários assuntos, a questão da preparação do VII Congresso Extraordinário aprazado para o próximo dia 15, subordinado ao lema: “MPLA e os Novos Desafios”. “Estão criadas as condições para a realização do Congresso Extraordinário do MPLA”, refere um documento distribuído à imprensa.
Sobre as propostas de candidaturas para o alargamento do número de integrantes deste órgão máximo do partido, o Comité Central considera que os resultados obtidos na selecção dos candidatos traduzem o compromisso no rejuvenescimento do partido e da sua Direcção.
Em relação aos novos desafios, apreciou-se o processo das autarquias, a ser submetido ao Congresso Extraordinário, em que se poderá definir o posicionamento do MPLA sobre as principais questões de organização e realização.
O Comité Central apelou aos cidadãos, massa militante e simpatizantes do MPLA a engajarem-se com afinco na luta contra a corrupção, o nepotismo, a impunidade e a bajulação.
Noutras ocasiões, a deputada afirmara já não se rever na actual liderança e na estrutura interna do seu partido e acusou Lourenço de perseguir os familiares do antigo presidente.
Numa das reacções, Mário Pinto de Andrade, porta-voz do MPLA, desvalorizou os comentários de Tchizé dos Santos que, segundo ele, não conhece a Constituição e convidou a deputada a fazer as suas críticas de foro político no Comité do partido.
Para Pinto de Andrade, Tchizé dos Santos disse “baboseiras” e os comentários que fez não fazem “faísca” e não “têm influência nenhuma”.
Já para Paulo Pombolo, o partido tem órgãos próprios e vai analisar as declarações da filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos à luz dos estatutos partidários.
Quem também reagiu foi o Presidente João Lourenço, que se referiu apenas às faltas da deputada na Assembleia Nacional, dizendo que o assunto teria de ser resolvido pelo Parlamento.