Surgimento de fábrica anima moradores do Guimbe

Surgimento de fábrica anima moradores do Guimbe

Na ocasião da reportagem que OPAÍS levou a cabo na semana passada na localidade do Guimbe, povoação que dista oito quilómetros de Catete, município do Icolo e Bengo, em Luanda, a possível instalação de uma unidade fabril na área, para processar e transformar alguns produtos aí cultivados, constituía a mensagem partilhada entre os residentes, embora a incerteza ainda pairasse no ar, de acordo com os residentes que a revelaram, pelo facto de, em nenhuma circunstância, terem ouvido a informação da parte de algum integrante do projecto que esperam vir a ser o futuro posto de trabalho.

Para apurar a veracidade dos factos, este jornal chegou ao suposto espaço reservado para o referido fim industrial, onde contactou com um funcionário destacado no local, a quem a instituição deu a missão de impedir a ocupação do perímetro. Questionado sobre tal norma, o trabalhador, que se identificou por “Tema”, antes de ser chamado por outro colega de Alberto José, tendo ele próprio acrescentado de Ribeiro Nóbrega, para completar os quatro nomes, respondeu afirmativamente, acenando, repetidas vezes, a cabeça de cima para baixo, adiantando que algumas culturas já estavam em fase de experimentação, pelo mesmo propósito.

“Aqui vai nascer uma indústria grande que vai produzir massa de tomate e sumos de variadas frutas, além de outros derivados, como fruta em calda, doces, como sambapito, e, talvez, frutos secos”, anunciou Alberto José Ribeiro Nóbrega, que, nessa altura permitiu passar a sua identidade completa. Na intenção de demonstrar que o que acabava de dizer era verdade, predispôs-se, logo a seguir, a falar do que sabia acerca do projecto, ao ponto de informar teoricamente sobre os limites da zona de produção que vai sustentar a futura unidade fabril. Além dos produtos que servirão de matéria-prima para a fábrica, a fazenda da empresa cujo nome optou ainda por não revelar, dedicar- se-á à produção de outras hortícolas, como quiabo e milho, que, por sinal já foram as colheitas iniciais.

Embora não tenha detalhado sobre o recrutamento de funcionários, Alberto Nóbrega deixou escapar que, segundo as informações que recebe dos planeadores, a ideia passa por proporcionar uma oportunidade à população local. Muitos jovens da pacata vila do Guimbe acreditam que, pela dimensão do terreno ocupado para tal fim, a empresa poderá ter serviços diversificados, ao ponto de garantir emprego para os homens e as mulheres da localidade. “Até os produtos cultivados pelos residentes e o peixe por estes capturados diariamente poderão ser comprados pelos dirigentes da indústria para darem outro tratamento, foi o que ouvimos dos poucos trabalhadores”, disse um dos moradores do bairro, que pediu para não ser citado, temendo retaliação na altura do possível recrutamento e selecção.

Abandonada massambala

Para descobrir que nessas paragens de Catete brota massambala é fácil, até porque o referido cereal ocupa uma parte do terreno agrícola que fica à beira da estrada principal de acesso ao Guimbe, o que torna a cultura em causa visível para quem quer que passe por aí, a pé, ou de qualquer meio de transporte terrestre. O que, na verdade, fica difícil, é perceber que o povo local não consome nem usa para outro fim a massambala. Segundo eles, o produto brota todos os anos por si e, como não dominam as formas de utilidade, preferem deixá-lo crescer até voltar a cair, para voltar a desabrochar, noutra temporada, um processo que eles alegam acontecer com bastante normalidade. “Dizem que é boa comida para os animais, mas nem isso nós dominamos, então, o melhor, para a gente, é mesmo deixar aí onde está”, sentenciaram.