Iniciativa “pode” resgatar Jogos Tradicionais Africanos de Tabuleiro

Iniciativa “pode” resgatar Jogos Tradicionais Africanos de Tabuleiro

Diferente do “Xadrez” e das “Damas”, os africanos também desenvolveram os seus jogos tradicionais de tabuleiro, como são os casos da “Kiela”, “Mbaka Mavata”, “Nkangu Nkuma”, “Uela”, “Jogo de Nove”, entre outros, que serviam para o desenvolvimento da capacidade intelectual, bem como para diversão. Entretanto, segundo os promotores desta actividade desportiva, se não houver apoios para o desenvolvimento da prática destas modalidades, corre-se o risco de se perder o manancial da ancestralidade, que na época colonial se envidava esforços, às escondidas,e praticava-se para a diversão e traçar estratégias de fuga ao jugo opressor da época.

“Os jogos, como refere, são uma modalidade desportiva e, como tal, o desportista tem de ter uma capacidade intelectual acima da média. Além de que promove uma maior interacção social, de modo a que estejamos mais próximos um do outro, como rege a maior parte da cultura africana”, referiu Manuel Mendes. Embora os jogos ainda sejam praticados em algumas localidades do país, sobretudo na região Sul, o mesmo já não acontece nos grandes centros urbanos, havendo mesmo um acentuado desconhecimento desta recreação, fundamentalmente para a maioria da juventude que opta por modalidades ocidentais.

Por essa razão, os promotores da iniciativa estão a trabalhar no projecto de criação de clubes de jogos tradicionais em Luanda, que depois de organizada e estruturada virá a dar em associações provinciais dos Jogos Tradicionais de Tabuleiro, cujos grupos alvos são crianças e jovens. Manuel Mendes acredita que o projecto só terá forças se houver motivação dos grupos alvos em apreender a modalidade, pois serão eles os continuadores e difusores, porque, além da componente recreativa e cultural, ela também é uma modalidade competitiva que bem trabalhada pode vir a ser rentável.

Resolução de Problemas

Por outro lado, Manuel Mendes disse que as comunidades africanas têm formas próprias para resolução de vários problemas que as afligem, chegando alguns deles aos tribunais tradicionais. Todavia, a quem competir dar solução ao caso, necessitará de idoneidade e de capacidade apurada. “Ao resolver um problema, primeiramente tens de refletir, com risco de vir a causar um problema maior e sem precedentes. Daí que o jogo como o Ngangu Nkuma, quando o jogador não observar com o mínimo detalhe corre- se o risco da perda da vitória. Por isso, esses jogos ajudam-nos a pensar e a traçar planos”, esclareceu. De salientar que os jogos foram apresentados durante o Festival Internacional de Cultura Kongo “FestiKongo”, que decorreu na cidade de Mbanza Kongo, que ontem celebrou o seu aniversário e assinalou o 2º ano depois da sua classificação como Património Mundial, pelo manancial da sua história.