Empresário acusado de burlar camponês na Huíla

Empresário acusado de burlar camponês na Huíla

Por:João Katombela, na Huíla

Os valores resultam de um acordo celebrado entre o empresário que actua no ramo da construção civil, entre outros, e a família do camponês Joaquim Domingos, visando a cedência do espaço onde praticavam a agricultura de subsistência para a exploração de inertes.

Em 2013, quando o camponês recebeu a proposta de Pedro Lunguembia considerou-a a oportunidade que ansiavam para melhorar substancialmente a vida da família. Tudo porque o empresário propunha o pagamento de um milhão de Kwanzas pela produção de brita e a garantia de que, no final da exploração, deixariam o imóvel que ergueriamno local para ser explorado pela família. Passados seis anos, Joaquim Domingos vive entristecido porque nenhuma das promessas foi cumprida. Nem o facto de terem assinado o termo de compromisso na presença do soba da localidade e de outras testemunhas serviu de incentivo para o cumprimento do acordo.

O seu parceiro subcontratou um grupo de cidadãos de nacionalidade chinesa para explorar os inertes, em troca de 300 mil Kwanzas por mês. “Nós acordamos que ele me pagaria anualmente um milhão de Kwanzas, o que não aconteceu”, frisou, acrescentando que assim que completou um ano de exploração Pedro Lunguembia se recusou a honrar com o compromisso. Questionado sobre a posse e usufruto do terreno, Joaquim Domingos disse que lhe fora cedido por um dos anciões do Hoque, identificado por velho Calenga, para fins agrícolas. “Este terreno é nosso. Só aceitei [ceder para exploração de inertes] porque ele prometeu pagar-me um milhão por ano. Agora já não posso mais cultivar porque o terreno tornouse improprio”, lamentou o camponês sem lavra.

Ele diz ter provas de que o explorador chinês terá pago mais de quatro milhões de Kwanzas ao empresário Pedro Luguembia. Contou que, num dado momento, foi, em companhia do cidadão chinês cujo nome não soube precisar, à Lunguembia Trading LDA pedir esclarecimentos. “Confirmamos que o dinheiro tinha sido recebido pelo seu filho Tchiloia”, contou. Contactado por este jornal, o explorador de inertes confirmou essa informação, mas disse que já pagou a Pedro Lunguembia para proceder à extracção desse recurso natural.

Batalha encrava no tribunal

Com a intenção de ver o seu problema solucionado, Joaquim Domingos recorreu no ano passado aos órgãos de justiça, intentando uma acção criminal contra o seu parceiro angolano. Este processo encontra-se registado no Tribunal Provincial da Huíla com o número 106/2018. No entanto, o empresário está irredutível e a morosidade na tramitação do processo está a deixar o camponês confuso. “O ano passado abrimos um processo no Tribunal, mas até agora não há nenhum sinal. Estou preocupado. Só quero que o senhor Lunguembia pague o meu dinheiro conforme acordamos”, afirmou. Contactado pelo OPAÍS, o empresário Pedro Lunguembia recusou- se a falar sobre o assunto, alegando ser da competência do Tribunal.