“Os dados do BNA desmentem o chefe da equipa económica do Executivo em relação ao rescimento”

“Os dados do BNA desmentem o chefe da equipa económica do Executivo em relação ao rescimento”

Dados do Banco Nacional de Angola indicam que houve, no primeiro trimestre, uma queda do Produto Interno Bruto na ordem de 4,4%. Qual é a sua análise relação a estes dados?

O BNA vem dar uma “chapada” ao coordenador da equipa económica do Executivo, Manuel Nunes Júnior. Em relação aos dados que apresentou no fórum “Banca em Análise”, o coordenador disse que no primeiro trimestre a economia de Angola cresceu 2,2% e com estes dados novos o BNA vem desmenti-lo com números que mostram uma contracção e não crescimento. O BNA diz ainda que os sectores que mais sentiram a contracção são o comércio, o petrolífero, os cimentos e as bebidas. Mas o triângulo comércio, produção petrolífera e consumo, foi determinante na contracção.

O indicador da contração na actividade petrolífera foi de 4,60%, superior ao mês anterior, refirome ao mês de Março, uma vez que o estudo publicado é referente ao mês de Abril. O documento mostra que o sector não petrolífero registou contracção pelo terceiro mês consecutivo. Quer dizer que os meses de Janeiro, Fevereiro e Março foram de contracção, dados que contrariam os avançados pela coordenação económica.

Isso vem confirmar que a economia de Angola não tem pilares para sair da crise de forma imediata. Vamos ficar nessa crise pelo menos até 2021. Vamos esperar que com as políticas expansionistas do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios consigamos então alavancar a economia.

O que estará na base destes dados desencontrados?

É normal. Isso acontece mesmo noutros países que temos como referência, como é Portugal. Acontece que o INE avança um número e o banco central avança outro, mas não são diferenças substanciais. Em relação ao nosso caso, é abismal. Um fala em contração e outro em crescimento. Todavia, é bom para que a economia não fique amarrada.

Que análise faz da realização da feira Internacional de Luanda no actual contexto macroeconómico?

A realização da FILDA por esta altura já é um costume. É um evento que permite aos empresários nacionais trocarem parcerias entre si, assim como também com estrangeiros, que, em muitos casos, estão presentes especificamente para isso. Quer queiramos quer não, a FILDA tem sido um dos elementos estratégicos das empresas, sobretudo para troca de experiências. É também uma exposição que é aproveitada pelas empresas para apresentarem os seus produtos aos clientes que, em muitos casos, não sabem o que elas oferecem, qual o potencial delas do ponto de vista tecnológico. Pena é que a nossa economia ainda esteja de rastos e o Estado ainda tenha uma palavra a dizer neste tipo de dan iel miguel /arq uivo eventos. Caso a nossa economia fosse de facto capitalista, esta FILDA teria muito mais empresas.

Estão mais de 700 empresas em representação de 20 países. Estes números dizem-lhe alguma coisa?

Já tivemos mais. Estou lembrado que nas antigas instalações, aquelas que foram destruídas no Cazenga, houve ocasiões em que tivemos mais de mil empresas. Portanto, estamos com uma tendência de decadência. Há uma tendência das empresas em seguir as economias mais estáveis, no entanto, no nosso caso não estamos muito bem. Todavia, termos 700 empresas já é considerável.

Acredita que teremos empresas na FILDA capazes de perceber este momento e estabelecer parecerias que possam ajudar no alavancar da economia nacional?

As empresas são o motor da economia. Não há uma economia dinâmica e próspera sem empresas. E se nós criarmos espaços para as empresas, respeitando-as e ajudando-as do ponto de vista de custos, como por exemplo, os tributários, os tangíveis e intangíveis, teremos uma economia mais forte. São as empresas que movimentam dinheiro. Até o dinheiro do Estado provém das empresas que operam na nossa economia.

A banca e o sector petrolífero estarão em peso…

A banca é um intermediário financeiro e canaliza as poupanças para os investimentos. Portanto, é crucial que os bancos estejam na FILDA e apresentem os seus produtos e avanços tecnológicos aos potenciais clientes. Estamos a assistir à alteração do Sistema Financeiro Angolano com a implementação de normas estabelecidas pelo Funo Monetário Internacional e é, por isso, uma ocasião em que os bancos também poderão dizer se já estão a adaptarse, ou não, às alterações em curso. Em relação ao petróleo, sabemos que continua a ser a menina dos olhos bonitos. Não há um outro sector capaz de alavancar a economia de Angola a curto prazo senão o petrolífero. Trata-se de um sector estratégico que devemos acarinhar cada vez mais. Devemos atrair mais investimentos neste sector. Portanto, os sectores bancários e petrolíferos são fundamentais e podemos considerá-los determinantes para o desenvolvimento económico do país.

O Presidente da República esteve em Cuba e dentre os vários acordos assinados o destaque foi para a indústria. Cuba pode ser um parceiro estratégico neste sector?

Olho esta visita mais do ponto de vista da gratificação pela participação de Cuba a um dado momento na história de Angola, por via do MPLA, numa altura em que o país vivia um conflito armado. É fundamental a gratificação, pois ajudaram também na Saúde e na Educação. Indo propriamente ao acordo, em termos de indústria Cuba tem muitos problemas. É um país pobre! Do ponto de vista do crescimento económico e da riqueza estamos melhor do que Cuba, que tem ainda grandes problemas. Ir buscar indústria em Cuba? Não sei qual indústria. Temos sim que fazer um balanço em relação à parceria nos sectores da Educação e da Saúde, no sentido de sabermos até que ponto nos têm sido úteis. Seria também interessante saber quantos angolanos foram formados em Cuba até agora. Cuba ainda está muito atrasada do ponto de vista tecnológico. Portanto, estamos simplesmente a agradecer.