“Matumbisse de ouro” distinguido melhor espectáculo e obra mais criativa do FESTECA

“Matumbisse de ouro” distinguido melhor espectáculo e obra mais criativa do FESTECA

O drama/comédia, com duração de 50 minutos, conta a história de vários animais e insectos, que vivem dentro de um contentor. Nesse espaço, os mesmos unem-se com o objectivo de mudar o continente africano. Durante a exibição da peça, o grupo ilustra o expressionismo e a criatividade, com base na reciclagem e textos ‘fortes’ que abordam a política. A actriz Evanilde Ferreira, que recebeu o certificado e a estatueta em nome do grupo, contou que se trata de um drama inovador, muito diferente do teatro que se faz actualmente. “É uma peça supernatural, mas, acima de tudo, um espectáculo que traz uma realidade totalmente diferente daquilo que estão acostumados a ver no teatro”, contou. Por outro lado, considerou que as distinções foram merecidas, fruto do trabalho árduo que têm vindo a desenvolver nos últimos anos, tendo agradecido a organização do evento pelo reconhecimento. “O sentimento é de trabalhar ainda mais, porque os prémios quando surgem é porque temos de continuar a fazer melhor”, assinalou.

Outras distinções

Durante o acto realizado na cerimónia de encerramento do festival, foram ainda distinguidos os grupos Tic Tac com dois prémios, de Melhor Encenação e Melhor Texto com a peça “Escola de mulheres”, enquanto o Prémio Revelação coube à companhia Arte Sol. O grupo Conjuntura D’Artes do município do Cazenga foi vencedor do Prémio de Melhor Espectáculo ao nível dos grupos do município, com a peça “O espírito do meu marido”, que narra a história de uma mulher que perde o marido na noite de núpcias. Depois do ocorrido, ela tenta perder a virgindade com o primeiro homem que aparecer. Durante a tentativa, o espírito do marido aparece para interromper o acto.

O director do grupo, Cláudio Luís, avançou que a montagem da referida peça foi um desafio proposto pelo dramaturgo brasileiro Paulo Saucadaça, que de forma ousada, desafiou o grupo do Cazenga a fazer a dramatização do referido espectáculo. “O sentimento é de dever cumprido. Depois de mais de sete anos sem participar no festival, tivemos a graça de conquistar este prémio. A sensação não podia ser senão mais do que satisfatória. Quando aparece uma distinção, quer dizer que devemos continuar a trabalhar e melhorar a cada dia”, atestou. Foram consagrados com o Prémio de Melhor Espectáculo entre os grupos de Luanda e das outras províncias o grupo Amazonas e SOS do Huambo. O Prémio de Melhor Actor e Actriz foram entregues a Muana José Malonga e Catarina Neto da companhia Tic Tac. Por sua vez, o mérito para o Melhor Cenário e Espectáculo Estrangeiro foi atribuído ao grupo brasileiro Estrela D’Alva, com a peça “Crocodilo”.

Já a Colectiva Deslimitadas conquistou o Prémio de Espectáculo Paralelo com a peça “Intervenção Urbana. Taís Povoa realçou que o grande objectivo da peça é realçar os aspectos relacionados com a igualdade de género. “Não esperávamos por esse prémio e ficamos totalmente comovidas e agradecidas. Vamos sair daqui com o sentimento de voltar”, disse. Já Lígia Helena, da Estrela D’Alva, realçou que Angola e Brasil são países irmãos em várias situações sociais e políticas que vivem, e o prémio vem com o sentimento de as angústias do povo brasileiro serem as mesmas que as do povo angolano. “Vamos com o sentimento de alegria, por saber que o nosso trabalho fez sentido para aqueles que assistiram. Saber que mesmo fazendo uma montagem, que para nós falava sobre a questão do Brasil, a forma como estamos a viver, ser engolidos com uma ideia de sobrevivência, essa mensagem valeu para outros países”, aferiu.

O FESTECA

A presente edição do festival que decorreu sob o lema “Juventude, arte e amor: 30 anos a partilhar experiência”, contou com a participação de 21 grupos. Além dos nacionais, estiveram presentes companhias de Moçambique, Cabo Verde, África do Sul, Brasil, Portugal, assim como a presença do músico norte-americano Baltimore Wordsmith. Durante a série foram realizados 25 espectáculos, dos 26 previstos, incluindo exercícios de performance teatral e de dança. Foram ainda realizadas conferências de teatro, orientadas pelos directores das companhias Ndokueno Artes, Letras de Rosas e actores dos grupos Estrela D’Alva e Deslimitadas. Foram igualmente realizados dois Café Teatro, um espaço de debate livre, onde foram abordadas questões ligadas ao teatro ao nível do mundo e analisados os espectáculos da presente edição. Nas oficinas foram orientadas mais de 30 jovens. Durante o festival foi ainda rubricado o acordo de parceria de intercâmbio entre o Anim’Arte e o Centro de Recriação Artística de Maputo, para dinamizar o trabalho conjunto, como a realização de residências artísticas e a produção de espectáculos que envolvem artistas dos dois países.

Assistência

De acordo com a directora do festival, Felismina Sebastião, durante os 10 dias o Anim’Art recebeu na sua sala de espectáculo aproximadamente 6 mil espectadores, que perfazem a media diária de 595 assistentes, entre convidados e público amante do teatro. Entretanto, Felismina Sebastião fez um rescaldo positivo desta edição do festival, tendo agradecido aos grupos presentes que fizeram o FESTECA acontecer, assim como o público que abrilhantou o auditório do Anim’Art. “Agradeço a todos que aderiram ao FESTECA, porque sem vocês não seria possível acontecer. Os dados para nós são bastante satisfatórios, à medida que nos permite afirmar que ultrapassou as nossas expectativas”, afirmou.