Segundo José Faria, administrador comunal do Egipto Praia, a falta de equipamentos agrícolas é uma realidade na região e, por isso, os camponeses são obrigados a preparar as terras manualmente, facto que condiciona o aumento da produção, nomeadamente de milho, feijão e cebola. “Nunca tivemos um tractor (…), pelo que a comunidade tem feito um grande esforço para produzir alguma coisa. Mas, com um tractor, as coisas seriam diferentes e podiam quadruplicar os níveis de produção”, sustentou José Faria, referindo que o recurso ao aluguer de tractores a privados está fora de questão, porque os camponeses não têm dinheiro para pagar os custos.
Daí que, por exemplo, os camponeses continuem a aguardar por um tractor com alfaias agrícolas que o Governo Provincial de Benguela prometeu disponibilizar no início de Fevereiro último, para satisfazer as necessidades do sector familiar naquela comuna. “O aluguer de equipamentos fica caro (…). Às vezes, o camponês só tem um ou dois hectares para lavrar”, salientou o administrador, que defende ser necessário arranjar-se um tractor com alfaia para apoiar o trabalho das comunidades na comuna, visando obter melhores resultados no cultivo de cereais, leguminosas e hortícolas. Mesmo que a resposta das autoridades ao pedido da comunidade do Egipto Praia tarde a chegar, o administrador comunal diz-se optimista de que o governador provincial de Benguela, Rui Falcão, está a trabalhar e que, a qualquer momento, o meio poderá ser disponibilizado.
O facto de, por outro lado, a região ser alimentada pelo “caudaloso” rio Balombo, também anima a administração local, que procura incentivar a população a produzir e garantir a sua subsistência, já que, a seu ver, é tempo de perceber que a agricultura é a base do desenvolvimento do país. Para já, revelou o administrador, enquanto preparam as terras, os camponeses já estão a semear cebola, numa área de aproximadamente 50 hectares para produção em escala, além do feijão e outras culturas. Relativamente às sementes e fertilizantes, afirmou que a circunscrição tem sido apoiada de forma satisfatória pelas autoridades, o que tem contribuído para o reforço da produção das referidas culturas. Na última campanha agrícola, que envolveu quatro cooperativas camponesas, a comuna colheu mais de 60 toneladas de cebola, cultura predominante, o que representa uma redução de 40 toneladas em relação à época de 2017.
Pesca, a alternativa dos camponeses Numa altura em que a agricultura familiar no Egipto Praia passa por dificuldades, a pesca é vista pelos camponeses como uma alternativa para conseguirem algum dinheiro. E o administrador comunal indica a existência de 80 embarcações de pesca artesanal, das quais 23 a motor. No total, estão controlados mais de 300 pescadores, que, no fundo, são as mesmas pessoas que praticam a agricultura, disse. A expectativa é boa, porque, segundo ele, o governo está a construir, de um tempo a esta parte, um centro de apoio à pesca artesanal, cuja obra já está a mais de 90 porcento da total execução física. Tendo o incremento da pesca artesanal como principal missão, o futuro centro vai apoiar não só os pescadores do Egipto Praia, mas também aqueles que saem do Lobito Velho e alguns do Sumbe, na província do Cuanza- Sul.