PR admite a existência de antigos combatentes “fantasmas”

PR admite a existência de antigos combatentes “fantasmas”

João Lourenço fez este pronunciamento quando respondia às inquietações dos antigos combatentes e veteranos de guerra, na cidade de Mbanza Congo, durante o Conselho de Auscultação Social das Comunidades, no qual exigiram maior atenção do Governo e o aumento dos subsídios que consideram irrisórios. O Presidente da República disse haver fantasmas no Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, à semelhança do que ocorre nas Forças Armadas Angolanas (FAA) e na Polícia Nacional (PN). “O Estado também está a pagar… a beneficiar, mas, infelizmente, alguns fantasmas conseguem se infiltrar”, denunciou, realçando ser necessário o Estado defender-se, para pagar àqueles que merecem ser pagos. Para se pôr termo a esta situação, garantiu estar em curso no ministério de tutela um trabalho de recadastramento e em vários sectores da vida pública, para se alterar o quadro. Disse ter ouvido em tribunal denúncias que apontam a existência deste fenómeno na Polícia Nacional, pelo que quer ver as medidas a serem tomadas pelo comandante-geral da Polícia Nacional, comissário chefe Paulo de Almeida, bem como pelo titular da pasta do Interior, Ângelo da Veigas Tavares.

João Lourenço acrescentou que se o Estado pagar apenas o que merece pagar, maior responsabilidade terá para aumentar os subsídios dos antigos combatentes e veteranos de guerra. “Mais vale pagar mais aos que respiram do que a milhões de fantasmas”, disse, não tendo descartado a possibilidade de poder repensar o aumento dos subsídios. Para o Presidente da República, a dignificação dos antigos combatentes e veteranos da pátria, não se resume apenas na melhoria dos subsídios e nas condições materiais, pelo facto de entender que tem uma dimensão maior. “Os direitos e regalias não são reflectidos de forma momentânea, de forma material. Se um antigo combatente numa bicha tiver prioridade é a dignificação da sua condição”, afirmou. Acrescentou que “tudo isso é um trabalho que deve contar não só com o Governo, mas também com várias entidades, como associações da sociedade”, sublinhou.

Combate à corrupção selectivo

Sobre o combate à corrupção que em alguns círculos políticos seaponta como sendo selectivo e confinado apenas em Luanda, o Presidente da República desclassificou tal afirmação, alegando não corresponder à verdade. “Não acredito que a luta contra a corrupção esteja a ser feita simplesmente em Luanda. Até há quem diga que está a ser feita pelo Presidente da República. Isso não é verdade e não é possível”, disse João Lourenço. Acrescentou estar a ouvir frequentemente pelos meios de comunicação social a detenção de directores provinciais com processos na Procuradoria Geral da República, por suspeitas de peculato. “Todos nós somos soldados da luta contra a corrupção” disse, tendo-se manifestado satisfeito pela forma como as questões lhe foram colocadas, de forma aberta e transparente.