O próprio “bandido”

O próprio “bandido”

Então um funcionário da EPAL foi apanhado pela TPA, num momento feliz para a emissora, a dar uma de bandido, ou melhor, a revelar-se no que verdadeiramente é: um candongueiro da pior espécie a quem todos pagamos e ainda nos rouba entrando em esquemas de garimpo, danificação de condutas, acumulação ilícita e venda ilegal de água da rede pública. Ponhase no ar, de quinze em quinze minutos, o filme do bandido de verdade, retire-se o simulado da enfermeira. Tem família e merece protecção ao abrigo do princípio da presunção de inocência? Sim, merece, apenas duvido que este seu direito suplante os direitos dos milhões de pessoas que o garimpo da água prejudica todos os dias. Na defesa dos superiores interesses dos angolanos, os serviços de inteligência, se não estiverem já corroídos também pelo vírus da corrupção, porque agora dá para desconfiar de tudo, deveriam intervir neste assunto da água. Já o deveriam ter feito há anos. Mais do que corrupção, é um assunto de segurança nacional, o risco para milhares de pessoas é demasiado grande quando a água não é minimamente controlada. Lembro- me do pânico que foi quando a seguir ao 11 de Setembro, em 2001, um mês depois, a 17 de Outubro, correu a notícia de quatro homens terem invadido a “Mãe d’Água”, um centro de distribuição de água em Lisboa e suspeitou-se que pudessem ter posto anthrax nos reservatórios. Um Estado responsável não se dá ao triste espectáculo das cisternas, girafas e garimpo de água porque alguns dos seus dirigentes querem enriquecerse, é uma abertura demasiado grande de flanco.