Ilustre director do jornal O PAÍS: espero que esteja bem, eu aqui, no Cuando Cubango, vou bem. Por viver na cidade do Menongue, depois da guerra que assolou o país, habituei-me a ouvir a RNA. Conta com vá r ios quadros espalhados por todo o país e com reconhecimento profissional. De Luanda, na redacção central, ou nas emissoras provinciais , o s jornalistas e técnicos fazem desta profissão o seu sacerdócio. Espanta-me saber que muitos profissionais naquela casa de informação ganham mal. E isto já vem de gestões anteriores e nem adianta chamar aqui fantasmas do passado que ainda estão espalhados por aí. Com isso, quero dizer que os profissionais da RNA têm razão em anunciar a greve nos próximos dias. Apresentaram um caderno reivindicativo à direcção da RNA, mas os administradores, segundo se diz , não traduziram justiça no qualificador. Porque, ainda há pessoas com poucos anos de casa a ganharem mais do que muitos técnicos e profissionais de jornalismo. Como é evidente, o Sindicato dos jornalistas tendo observado todos os pressupostos exigidos por lei, está com os jornalistas e técnicos nesta “guerra e paz”. Por isso, não há outra alternativa senão melhorarem as condições de todos, com base nos critérios de justiça, até o Presidente da República, João Lourenço, está aberto a críticas. Por que razão é que muitos querem regressar ao passado, com ideias de “engrangens malditas”? Viva a greve. É preciso respeitar os princípios democráticos, depois do processo de negociação entre as partes, a greve decretada para o dia 29 do corrente mês, não é ilegal. Há juristas que só estão para atrapalhar, o Presidente já não quer bajuladores, nem juristas de meia-tigela. Quem está à procura de cargo, por via da escova e da pomada, deve ir para um outro ordenamento jurídico. Influenciar a opinião pública local e internacional de que a greve da RNA é ilegal, segundo o jurista que o disse, é uma falácia jurídica que cai em saco roto. E, aposto que os juristas que mandaram tais bocas não conhecem os quatro cantos da RNA, muitos menos os problemas, deviam “mazé” ficar a ler outras coisas e não meter a foice em seara alheia pah!
João A. D. Mavinga Menongue