“As Kassumunas do Bairro Indígena” de Salas Neto editado em livro

“As Kassumunas do Bairro Indígena” de Salas Neto editado em livro

À excepção de quatro textos, que foram antes publicados em jornais, “As Kassumunas do Bairro Indígena” (Ensaio para uma autobiografia avulsa), resultou de crónicas retiradas essencialmente do seu “Quintal” no Facebook, histórias às quais atribuiu um pendor pessoal muito substantivo.

Adjelson Coimbra

Foi lançada esta Sexta- feira,2, na Casa de Cultura Njinga Mbande, no Distrito Urbano do Rangel, em Luanda, a obra literária “As Kassumunas do Bairro Indígena”, do jornalista Salas Neto. O livro com a chancela da Editora Casa de Cultura Njinga Mbande, tem 117 páginas e 25 crónicas. Não obstante o autor se debruçar sobre vários factos já vividos no passado, a maioria das crónicas é recente e tinham sido elaboradas numa altura em que ele vivia a sua difícil condição de invisual, o que impunha algumas limitações. Para tal, Salas Neto, teve de contar com a ajuda do seu neto de 12 anos, que deu início aos textos. Salas tornou-se independente quando, em 2017, conheceu Lourenço Diogo, um jurista invisual, que o ensinou a dominar o Braile Electrónico. Desta forma, passou a ler e a escrever através de um computador. Já a jornalista Luísa Rogério, a quem coube a apresentação do livro, considera-o como um reflexo do que Salas tem sido enquanto profissional, o que no seu entender, é um exemplo vivo de que, mesmo em condições extremas, o jornalista nunca se aposenta, ainda que esteja reformado. “Eu, normalmente, não dou o nome de obra a todos os livros, mas este, certamente é uma obra”, disse Salas, fazendo uma fusão entre a ficção e a realidade de uma forma magistral e única. “Vejamos, esta obra tem crónicas muito maduras, extremamente realistas, às vezes até dolorosas”, explicou. A apresentadora. também jornalista do Jornal de Angola, classificou Salas Neto como um dos melhores cronistas em Angola, por brincar com as palavras e fazer uma radiografia da alma humana. “Ele acaba por escrever com os dedos, com a cabeça e, fundamentalmente, com a alma”, realçou Luísa Rogério, aconselhando os repórteres, as redacções e até universidades a adquirirem a obra. Casa da Cultura “faz uma vénia” ao jornalista Por sua vez, a anfitriã Patrícia Faria, directora da Casa da Cultura, congratulou-se com a iniciativa, adiantando a importância deste feito na promoção do gosto pela leitura, uma vez que permite maior instrução por parte,não só da comunidade em que nos inserimos, mas também da sociedade em geral. “Salas Neto tem todo o mérito por termos a casa cheia e ele ser acarinhado com a presença de colegas, familiares, e até de apreciadores da sua pena versátil”, opinou Patrícia Faria, destacando Salas Neto como um cronista por excelência. “Ele retrata de uma forma simpática e muito ao seu jeito as vivências do nosso povo e da nossa urbe. De forma particular, é um livro que se recomenda, se assim não fosse, nós hoje não estaríamos aqui”, elogiou. Gonçalves Manuel Afonso Neto, conhecido entre a classe e não só, por Salas Neto, é jornalista e escritor, nascido a 4 de Janeiro de 1960 no Sambizanga, em Luanda. Casado, tem uma filha.