Mais de 50% de sementes nacionais na presente campanha agrícola

Angola conta este ano, pela primeira vez, com o fornecimento de 50 porcento de sementes de milho e de batata-rena produzidas por angolanos, afirmou Sextafeira, 9, no município do Chinguar, Bié, o director nacional da Agricultura, António Sozinho

Falando no workshop sobre a “Estratégia para o Aumento da Produção da Batata- Rena e do Milho, em Angola”, António Sozinho sublinhou que tais sementes estão a ser produzidas pelos fazendeiros nacionais das províncias de Malanje, Cuanza- Sul, Huíla e outras, como forma de permitir atíngir a meta de 100 por cento até 2022. Esses dados são comparativos aos de há dois anos, em que o Estado importou 100 por cento de sementes de milho, batata-rena e de outros produtos agrícolas.

O país tem igualmente como foco a produção de fertilizantes, pesticidas, sistema de montagem de tractores, que contará inicialmente com a parceria dos Emirados Árabes Unidos, que recentemente mostraram interesse em investir no sector de montagem de tractores, segundo o responsável. Por sua vez, o governador do Bié, Pereira Alfredo, considerou ambiciosa a aposta que o sector da agricultura tem no país, com a introdução de 50 por cento de sementes nacionais na presente campanha agrícola, o que permitirá incentivar os produtores a aumentarem rapidamente a duplicação de sementes. Um total de 5,6 milhões de hectares para o cultivo de produtos diversos estão em preparação para o arranque em Outubro próximo da campanha agrícola 2019/2020 em todo o país.

Para esta campanha estarão engajadas 1,4 milhões de famílias camponesas e projecta-se uma produção de mais de 2,5 milhões de toneladas de cereais, 12 milhões para raízes e tubérculos e mais de seis milhões de toneladas de frutas.

Aumento da população bovina

Para dar resposta às necessidades de consumo, é preciso aumentar a população bovina, estimada em 100 mil cabeças , divididas entre as províncias do Sul, com realce para o Cunene e Huíla. “Com o financiamento que aguardamos vamos, seguramente, aumentar a população animal”, admitiu, sem avançar números. E para atender à demanda do país, em termos de toneladas de carne, disse ser relativo. “Não posso precisar”, rematou. Chama a atenção para o facto de a criação de gado ser um investimento directo que leva tempo.

Estima que o tempo mínimo para que o gado cresça e esteja pronto para o abate são cinco anos. “Enquanto isso são gastos. Portanto, precisamos de uma linha de crédito específica que possa responder às nossas necessidades”, disse Luís Gata. Explica que, para que uma fazenda se torne rentável deve ter, no mínimo, 500 matrizes, concretamente vacas parideiras, e isso obriga a ter um efectivo na casa dos 1500 animais. Refere que o matadouro do Lubango jogará um papel fundamental na sensibilização dos criadores tradicionais em relação à qualidade que o gado deve ter. Reconhece que o gado autóctone tem qualidade e os excelentes resultados são prova disso.