Ninguém nasce no meio

Ninguém nasce no meio

É hoje comemorado o dia do irmão do Meio. A data deve ter sido pensada para famílias diferentes da esmagadora maioria das famílias angolanas, em que o casal tem mais de três filhos. Para nós é mesmo o dia dos irmãos do meio, uma classe diferente do irmão mais velho e do irmão caçula. Se um dia o irmão do meio já foi caçula, e depois destronado, o que muitas vezes causa ciúmes terríveis, também o irmão mais velho já foi filho único em algum momento, ou seja, já foi caçula e mais velho ao mesmo tempo. o irmão do meio nunca foi o mano mais velho, e ainda por cima perde o estatuto de caçula quando nasce outro, daí os conflitos em muitas famílias quando as coisas não são bem geridas. Ser o mano do meio representa sempre a perda de algum estatuto. Mas esta aparente desatenção é temperadora, dá maior liberdade, menor responsabilização e exigência e não sei mesmo se não dá maior criatividade (seria preciso um estudo científico). Em África, o irmão mais velho tem a obrigação de carregar a família às costas, nas coisas boas e nas más, deve dirimir conflitos, tem o dever de representação, um fardo muitas vezes insuportável. o do meio está livre. Mas deve aprender com o mano grande, porque se este falha é a ele que tudo vai ter, até a obrigação de dar mimos a quem lhe roubou o lugar. É o mano do equilíbrio, no seu aparente desligamento.