Moralização da sociedade começa no seio da família

Moralização da sociedade começa no seio da família

Por: Miguel José, em Malanje

Os intervenientes ao debate advogaram a necessidade de um maior envolvimento de todas as forças vivas da sociedade a participarem, de forma activa, no processo de moralização da sociedade, no sentido transformarem as famílias em principais fontes geradoras da educação dos seus membros.

Em face da degradação moral de que a sociedade padece, o presidente da Rede de Pais, Lourenço Neto, invocou os camaradas do MPLA a incluir as instituições do Estado e as organizações sociais, cívicas e religiosas, no processo de moralização da sociedade, para que possam desempenhar um papel preponderante, reflectido nos valores sócio- culturais e tradicionais, de outrora. Pois, no seu entender, a moralização da sociedade deve estar instalada, permanente e persistentemente, no seio das famílias, para que venha se repercutir na sociedade. “Aí onde a família declina as suas responsabilidades, o Estado, enquanto pessoa de bem, assume o comando (…). Por isso, mais do que uma campanha, a moralização da sociedade é um dever de quem tem sobre si, a responsabilidade de dirigir o Estado”, enfatizou.

O padre coordenador da Comissão Arquidiocesana da Bíblia, Conceição Brandão, fez menção à cultura grega, em que “só quem fosse saudável, só quem tivesse vida uma equilibrada, poderia constituir família”, para argumentar que a moral da sociedade depende de cidadãos estáveis. Observou que a formação da sociedade angolana passa por imensas dificuldades, razão pela qual a ordem e a obediência das regras sociais andam à deriva. Contudo, o sacerdote católico entende que a escola, a igreja, são os lugares para colocarem o sentido da obediência, da humildade, e que podem garantir o envolvimento dos cidadãos no processo de moralização da sociedade. “A família é a primeira sociedade”, disse.

Moralização e religião

Desde os primórdios, o homem enquanto ser social, estabeleceu um conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do quotidiano, para orientar o seu comportamento dentro de determinada sociedade, Lourenço Neto, referiu que antigamente a salvaguarda da moral residia na educação cristã, cujo conteúdo se reflectia na esfera social, com vigor.

Recordou que os ensinamentos recebidos da religião eram passados como valores a observar no seio das famílias e com isso, os pais ou encarregados de educação orientavam os seus filhos ou tutelados, as respeitarem as regras de convivência familiar que, por conseguinte, se traduzia na sociedade organizada e saudável de outrora. “A moral religiosa, se for devidamente disseminada, pode ajudar na recuperação da educação – a boa educação – das famílias”, sublinhou.

O padre Conceição Brandão acredita na recuperação das famílias se aquelas igrejas tradicionais, seculares, como a católica, a metodista e a baptista, que sempre apregoaram o evangelho junto das comunidades, consistentes no amor ao próximo, no amor à pátria, na conservação e protecção do bem-comum, cujos ensinamentos recebidos do passado, estão imbuídos de valores cristãos. “Temos que voltar àqueles elementos que são básicos para uma sociedade”, acentuou o sacerdote.

Acrescentou que a sociedade precisa de herdeiros de valores para fazerem perpetuar o futuro, pois, por a vida ser efémera as pessoas devem deixar um legado para as gerações descendentes.

Apregoa a necessidade de as igrejas, enquanto detentoras da reserva moral da sociedade, os pastores, os sacerdotes, as próprias comunidades religiosas, devem transmitir valores decentes para a sociedade nas quais estão inseridas. “É preciso que os outros permaneçam connosco, sejam nossos herdeiros (…)”, exortou.