Angola participa na Conferência Japão-África

Angola participa na Conferência Japão-África

Uma delegação angolana participa, de 28 a 30 deste mês, em Yokohama, Japão, na sétima edição da Conferência Internacional de Tóquio Sobre Desenvolvimento de África (TICAD7).

Trata-se de um fórum multilateral, inclusivo e aberto, lançado pelo Governo Japonês, em 1993, do qual participam países e instituições africanas, bem como organizações internacionais de desenvolvimento, do sector privado e da sociedade civil. A TICAD está a ser organizada e presidida pelo Governo do Japão, pela Organização das Nações Unidas, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial e pelos próprios países africanos.

Tem por objectivo promover um diálogo político de alto nível entre os líderes africanos e parceiros internacionais, com vista a mobilizar apoios para as iniciativas de desenvolvimento económico, da paz e segurança, com maior apropriação africana. A propósito deste evento, o embaixador de Angola acreditado em Tóquio, Rui Orlando Xavier, realçou, quinta-feira, a importância da conferência para os Estados africanos, sublinhando que o país asiático foi escolhido como um parceiro estratégico de cooperação internacional.

Em entrevista à ANGOP, o diplomata destacou o facto de o Japão ser a 3ª maior economia do mundo e membro do G7, detentor de uma economia forte e de um sistema financeiro robusto. Tratando-se de um país “disposto a apoiar o crescimento económico de África”, o embaixador disse haver grande expectativas à volta da TICAD7, que vai juntar, à mesma mesa, líderes africanos, japoneses e das agências internacionais de desenvolvimento. Espera que, com esse instrumento de cooperação e diálogo, os africanos tirem bastante proveito das iniciativas aliciantes que o “gigante asiático” põe à disposição dos africanos.

No caso de Angola, o embaixador enfatizou que já tem tido benefícios, mas, no futuro, os resultados da cooperação poderão ser muito mais abrangentes. Em solo angolano, o Japão está a financiar a reabilitação do Porto do Namibe e foi responsável pela recuperação das três principais indústrias têxteis do país, nomeadamente Satec (Cuanza Norte), Alassola (Benguela) e Textang II (Luanda), estas últimas já devolvidas ao Estado angolano.

Aquele país também financiou, por via das suas empresas, a aquisição de equipamentos para a instalação do cabo submarino da empresa angolana Angola Cables. A terceira maior economia do mundo, com um PIB nominal de USD 5,1 triliões, está a apoiar uma área fundamental para o desenvolvimento de Angola: a desminagem.

Sem avançar valores desembolsados pelo Japão, desde que se deu início ao processo de desminagem, com o fim da guerra, em 2002, o embaixador de Angola disse haver promessa dos nipónicos de continuarem o projecto de desminagem das vastas áreas minadas no país. Entre os investimentos japoneses em Angola estão, igualmente, os projectos do Porto do Namibe, a requalificação da Baía do Namibe e do Porto Mineiro. A cooperação com o Japão também abrange as áreas da educação e saúde, tendo esse último sector beneficiado com a reabilitação de parte do Hospital Josina Machel.

Segundo o embaixador de Angola, em Maio último, por altura da visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Taro Kono, foi assinado um acordo para doação de material ao Hospital Josina Machel, que vai fortalecer a unidade sanitária e dar resposta às necessidades dos pacientes e do corpo clínico. Quanto ao sector da educação e ensino, Orlando Xavier afirmou que a parte japonesa tem programas próprios virados para Angola, nomeadamente na concessão de bolsas a estudantes que estão a frequentar cursos de mestrados e doutoramento no Japão.

“Neste momento, temos 20 estudantes que estão a fazer o mestrado e doutoramento”, esclareceu o diplomata, para quem, em relação a outros países africanos, o número de angolanos a frequentar cursos no Japão ainda é “muito” reduzido. Considerou necessário trabalhar para efectivar esse aumento e dar maior resposta às várias iniciativas que o Governo Japonês tem posto à disposição dos angolanos.

“Pretende-se também que o Japão invista noutras áreas do país e estamos a discutir com a parte japonesa todo um conjunto de situações que possam levar a que haja essa diversificação do investimento japonês em Angola”, anunciou, na sua primeira entrevista à imprensa angolana destacada para a cobertura da TICAD7. Com vista a reforçar as relações de cooperação, está em curso um trabalho para a assinatura, num prazo bastante curto, de dois instrumentos fundamentais, com destaque para o Acordo Geral de Cooperação.