Quase 3 milhões afectados e 714 mortes pelas chuvas em Moçambique

Quase 3 milhões afectados e 714 mortes pelas chuvas em Moçambique

Um total de 714 pessoas morreram e outras 2,8 milhões foram afectadas por calamidades naturais durante a época das chuvas de 2018/2019, um período marcado pela passagem de dois ciclones em Moçambique, informou ontem Sexta-feira o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC). “Foi um período atípico e as lições aprendidas durante a resposta aos eventos extremos registados na presente época servirão de ponto de partida para a reestruturação do nosso mecanismo de coordenação e gestão do risco de desastres”, disse a directora-geral do INGC, Augusta Maita, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

De acordo com a directora do INGC, a última época chuvosa foi a pior entre as últimas quatro, tendo em conta que, desde a época 2012/2013, o número de óbitos variava entre 63 e 161. Além dos ciclones Idai e Kenneth, que isolados causaram 648 óbitos e afectaram cerca de 1.8 milhões de pessoas em províncias do centro e norte em Março e Abril deste ano, a última época das chuvas foi marcada também pela passagem de uma depressão tropical (Desmond), seca, sismos, chuvas e ventos fortes, por vezes acompanhados de descargas atmosféricas. No quadro das doenças relacionadas com o período, nesta época, as autoridades registaram 434.971 casos de diarreias e 67 mortes, contra 453.962 casos e 79 óbitos da época anterior.

Na agricultura, o efeito combinado das calamidades afectou 103 distritos, numa área total de aproximadamente 933.064 hectares de culturas diversas, com impacto directo em 544.515 famílias. “A ocorrência de chuvas fortes, cheias e inundações teve impactos significativos em algumas vias de acesso, com maior destaque para as províncias da zona centro, afectadas pelo Ciclone Idai e na zona zorte pelo kenneth”, acrescentou a directora- geral do INGC, que aponta a necessidade de mais seguros contra desastres naturais. Entre Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, fenómeno justificado pela sua localização geográfica, a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral.