Introdução de novos instrumentos musicais no Semba dinamiza o estilo

Introdução de novos instrumentos musicais no Semba dinamiza o estilo

Os músicos falaram em entrevista exclusiva a este jornal, à margem do I worshophop sobre Semba, realizado recentemente pela Casa de Cultura do Rangel, em Luanda. Os sembistas Carlos Lamartine e Don Caetano comungaram da ideia de que o Semba moderno é melhor em relação ao que se fazia no passado. Para o cantor Carlos Lamartine, que também se ocupa de questões relativas a investigações culturais, o tempo determina o espaço de desenvolvimento que cada povo tem em função das condições materiais.

Complementa que, no tempo colonial, antes de os artistas angolanos utilizarem os instrumentos convencionais, tocavam o Semba de um modo artesanal, tradicional ou até mesmo empírico. Lamarti- Semba Introdução de novos instrumentos musicais no Semba dinamiza o estilo O Semba, considerado um dos estilos musicais mais identitários do povo angolano, que se popularizou a partir da década de 50, ao longo dos últimos tempos foi registando uma evolução rítmica sem perder a essência ne ressalta que, apesar disso, o desenvolvimento do Semba não ficou estático.

Mas, com o desenrolar do tempo, a comunidade portuguesa, ainda na era Colonial, criou novas formas de relacionamento, tendo se certamente convencido de que o povo angolano estava pronto para a mudança. “Por isso, a nossa música em todas as suas vertentes se foi desenvolvendo de acordo com as suas condições materiais. Desde esse momento, em que Angola se tornou um país independente, temos 44 anos de existência, naturalmente que passaram várias gerações, cada uma dessas gerações foi intervindo da forma e com o nível de desenvolvimento que tinha”, disse Carlos Lamartine.

Outrossim, Don Caetano considera que a dinâmica temporal deu ao Semba, em termos rítmicos, de composição e de interpretação, uma enorme inovação. “Naturalmente, o Semba que se faz hoje já é melhor do que o Semba que se fez outrora. Hoje faz-se o Semba com outros elementos musicais e ele conheceu outra evolução e melhorias na sua estrutura comportamental”, classifi cou. Muitos intérpretes, segundo Don Caetano, como é o seu caso, mas também o de Lulas da Paixão e Elias Dyá Kimuezo, pertencentes a todas gerações do género Semba, consideram por outro lado, que a interpretação não seja do mesmo jeito, incluindo a “percussão”.

“Hoje recebemos dos instrumentistas outros elementos musicais, a intervenção dos órgãos (instrumento musical da família dos aerofones de teclas, tocado por meio de um ou mais manuais e uma pedaleira), do sopro, do violino que não tínhamos dão outra rítmica ao Semba actual”, contou. TIC infl uenciam no desenvolvimento do Semba Hoje, igualmente, com a abertura para as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), de acordo com o autor de “N’Vunda Ku Muceque”, Carlos Lamartine, o Semba tem estado a evoluir, mas com insufi ciências, porque há uma descredibilização da sua existência.

“Tem-se dado a ideia de que o Semba é uma forma de comportamento social a abater e então não estamos de acordo, porque defendemos que esse estilo é um património imaterial dos angolanos”, reforçou. Lamartine aproveitou a ocasião para criticar os meios de comunicação social que não promovem o Semba por julgarem ser música para mais-velhos. “Isto me dá a impressão de que estamos muito atrasados em relação ao comportamento dos artistas que são instruídos e consideram-nos como analfabetos, porque os artistas produzem e devem ser valorizados por quem tem de os valorizar: o povo. E não os meios de comunicação”, reclamou.

Semba

O Semba é um género de música e de dança tradicional de Angola que se tornou muito popular nos anos 50. A palavra Semba signifi ca “umbigada” em kimbundo. numa tradução livre, a palavra Semba representa “o corpo do homem que entra em contato com o corpo da mulher ao nível da barriga”.

O Semba (género musical), actual é resultado de um processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assentes fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas.