Não é preciso humilhação

Não é preciso humilhação

Ainda tento recuperar do choque que tive quando passava pelas imediações do Centro de Conferências de Belas. Já se sabe que o nível de desemprego no país é mesmo elevado, mas não me passava pela cabeça que era tanto.

Todos os dias temos visto jovens nas formaturas das universidades. Antes eram dezenas, passamos para centenas e hoje milhares. Este crescimento não tem sido acompanhado pela criação de postos de trabalho, assim como por políticas que permitam que alguns criem empresas para congregarem outros companheiros recémformados. A enchente desta Sexta-feira, numa iniciativa do Instituto Nacional da Juventude, demonstra claramente que se não se cumprir no, mínimo, a promessa dos 500 mil postos de trabalho – não que seja toda ela cumprida, mas pelo menos números aproximados – o MPLA deverá levar um cartão vermelho desta mesma juventude. Não assusta se nos próximos tempos os jovens voltarem a sair à rua. Só que dessa vez os apoiantes serão maiores, sobretudo depois desta desfeita de ontem. Quero crer os gabinetes de estudos e análises, tanto do partido no poder, como do próprio Executivo, a esta hora já se devem ter posicionado para junto do Titular do Poder encontrarem soluções concretas para o problema do desemprego. É preciso que não se brinque com os jovens. Aliás, o que durante largos anos assim pensavam hoje quase que estão riscados da história, sendo que alguns do Médio Oriente e arredores acabaram escorraçados. Afinal, não se está a pedir nada de anormal, mas de um direito para que as pessoas possam viver com alguma dignidade. Exigir um trabalho, para que se tenha uma remuneração e sustentar a família, é o mínimo que um cidadão decente pode esperar, para que não sucumba aos ditames da corrupção ou pelas práticas criminosas.

Santos Muleleno

Viana- Luanda