Activista defende agricultura familiar para mitigar os efeitos da seca

O presidente da Associação Construindo Comunidades (ACC), Pio Wakussanga, disse nesta Terça-feira, 10, no Lubango, província da Huíla, ser necessário e urgente apoiar as comunidades através da agricultura familiar para mitigar os efeitos da seca.

João Katombela, na Huíla

Falando numa palestra dirigida aos jovens universitários da cidade do Lubango, sustentou que só a agricultura familiar pode prover alimentos para as famílias e assim mitigar os efeitos da seca que assola o Sul do país, particularmente particularmente no município dos Gambos, onde é também padre da Missão Católica local.

“Olhando para a pressão ambiental, olhando para a diminuição dos recursos, olhando para a aceleração da degradação do meio ambiente causada pela mão humana e pelas más políticas ao nível do mundo, um dos meios que podem ajudar a suster o nosso planeta e a nossa alimentação é a chamada agricultura familiar ”, disse.

Durante a palestra, subordinada ao tema “A Seca no Sul de Angola, Reflexões e Formas de Abordagem” , organizada pela UNITA, no âmbito das suas VIII Jornadas Parlamentares, que decorrem no Lubango, afirmou que a agricultura familiar suporta muitas famílias no mundo.

Pio Wakussanga insiste na produção familiar justificando que as grandes cidades são alimentadas com a produção do campo feita por famílias, e naquelas práticas que tornam o meio-ambiente sustentável, com o envolvimento das comunidades e outras forças vivas da sociedade.

“É neste sentido que eu entendo que as igrejas, os académicos e a sociedade civil devem liderar iniciativas sustentáveis  utilizando tecnologia de baixo custo, engajando comunidades locais com programas sustentáveis baseados em factores locais”, disse. O presidente da Associação Construindo Comunidades defendeu, por outro lado, a necessidade de se reduzir as importações de certos produtos que a nível local, podem ser achados, de formas a valorizar a produção familiar.

“Em Angola, tirando as coisas importadas do Brasil, da Argentina e da África do Sul, o que nós consumimos nas cidades é ainda da produção do interior, é necessário apoiar este sector “, sugeriu.

Pio Wakussanga apontou haver fome aguda e crónica nas províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango, que já atingiu proporções alarmantes, tendo apelado ao Governo para que olhe para a questão alimentar como um direito de todos os cidadãos que deve ser salvaguardado pelo Estado.

“Temos de olhar para a alimentação do ponto de vista dos direitos, não como um acto de comer ou como uma necessidade, mais como um direito. Direito de estar livre da fome e da mal-nutrição, direito à alimentação adequada, e não comer qualquer coisa para satisfazer o estômago”, rematou.