Matadidi encanta em sarau cultural em homenagem a Agostinho Neto

Matadidi encanta em sarau cultural em homenagem a Agostinho Neto

Não obstante a idade, Matadidi fez vibrar a plateia com o seu jeito peculiar de cantar e dançar, que lhe valeram “vivos” aplausos Com as músicas “FAPLA” e “Um minuto de Silêncio”, o músico angolano Matadidi Mário protagonizou, Segunda-feira à noite, um dos momentos marcantes de um sarau cultural em homenagem ao Primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.

O artista, um dos ícones da música nacional, relembrou, com esses dois temas, o drama do anúncio da morte do fundador da Nação, em 1979, e a actividade das FAPLA. Nessa actuacao, Matadidi foi acompanhado, entre outros, pelo guitarrista Teddy Nsingui, antigo companheiro na Orquestra Inter-Palanca. Apesar da idade, Matadidi fez vibrar a plateia com o seu jeito peculiar de cantar e dançar, que lhe valeram “vivos” aplausos. “Estava eu no avião a ir para o Bié, quando o piloto deu a notícia da morte do Presidente e amigo Agostinho Neto. Queria voltar no momento, mas não pude.

Foram dias amargos e fiz de tudo para ir ao Huambo e voltar a Luanda para ver Neto”, relatou o músico, referindo-se às canções interpretadas. Com mais de 40 anos de carreira, Matadidi retratou o cenário de mulheres a chorarem, o anúncio de Lúcio Lara e os contos de Kundi Paihama, que lhe deram inspiração para escrever aquelas duas canções. Além desses temas, o músico interpretou tambem “O Presidente disse” e “Volta camarada”. Nascido em 1942, na província do Uíge, Matadidi fez parte de um grupo de artistas que se dedicaram à canção política de intervenção, entre 1974 e 1978.

Destacaram-se nesse período, entre outros, além de Matadidi, os cantores e compositores Pepé Pepito, Nonó Manuela, Tabonta e Diana Simão Nsimba. Tabonta, por exemplo, é o autor de “Wele Neto” (Neto desapareceu), uma das mais belas canções em língua nacional kikongo, uma homenagem, de forte pendor lírico, a António Agostinho Neto. Nesta canção, um clássico desse período, o cantor lamenta, de forma profundamente poética, o vazio deixado pelo desaparecimento do Presidente angolano.

Durante o sarau cultural de Segunda- feira, subiram tambem ao palco os cantores Zé Kafala, Sandra Cordeiro e o grupo Bailado do Cazenga. À margem do evento, o director Nacional da Cultura, Euclides da Lomba, disse que não foi fácil encontrar Matadidi para participar na homenagem a Neto. “Matadidi é, a exemplo de Tabonta e outros, um cantor que viveu uma época real da existência de Neto, a qual não se pode esquecer quando se fala da vida e obra do Herói Nacional”, expressou.

DANiEL MiGuEL