O fim dos códigos

O fim dos códigos

Chegaste bem. Pode não parecer, mas isto é uma pergunta. Quando nos despedimos de alguém que depois quer saber se chegamos bem à casa, esta pessoa manda- nos uma pergunta escrita assim mesmo, sem o coitado do ponto de interrogação (?). Isto de códigos não tem valor algum para os angolanos, principalmente para os mais jovens. O Código da Estrada, esquece, o de conduta ética, nunca existiu e o da grafi a está condenado. Enviam curriculuns em que os nomes próprios vêm escritos iniciados em letras minúsculas, incluindo o nome do candidato e o do local de nascimento. Nos locais de atendimento é tu para cá, tu para lá, o que já não é mau, às vezes sai mesmo o papoite, ou uma mamoite, quer seja num serviço público ou num restaurante. Mas isto não satisfaz, agora é a grafia o alvo. Política escreve-se politica. Anúncio vem como anuncio. A vírgula, quando se lembram dela, é atirada ao calhas, os artigos, sobretudos defi nidos, estes foram esquecidos algures. “Todos ministros do Governo”, “participaram todos amigos dele” e por aí fora. Os gabinetes de imprensa “tambem” escrevem assim. Mas a cereja no topo do bolo é mesmo o ataque ao ponto de interrogação. Imagine-se acamado, a sofrer de dores do diabo e a receber uma mensagem em que se lê “tu estás melhor”. Bem, isto é que é o diabo. Até percebermos que, afi nal, se trata de uma pergunta, mas sem o “?” Agora ia perguntando para que serve a escola, mas calo-me, a última pergunta que recebi neste estilo veio de um professor. Um professor universitário, sublinhe-se.