Polícia investiga denúncia de consumo de liamba em plena Esquadra

Polícia investiga denúncia de consumo de liamba em plena Esquadra

Em causa estão uma fotografia em que aparecem supostos efectivos a consumir, alegadamente, liamba, e um vídeo amador feito por um radialista da rádio Despertar, em Luanda, denunciando a existência de ocorrências do género

Por:Paulo Sério

O porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Hermenegildo de Brito, revelou ontem, a OPAÍS, que a Polícia está a averiguar a denúncia sobre efectivos que consomem o estupefaciente liamba numa esquadra localizada no quilómetro 30, em Viana. Para o efeito, os responsáveis da corporação estão a trabalhar com uma imagem fotográfica em que aparecem dois supostos agentes a fumar. Um dos quais, o suposto autor da foto, aparece a soltar o fumo diante da câmara.

Atrás de si está outro indivíduo, de costas trajado com o uniforme da Polícia Nacional, com o cigarro improvisado aceso nas mãos. O local onde se encontram a consumir este produto proibido em Angola assemelha-se à parte traseira de uma esquadra de Polícia. A imagem vazou nas redes sociais uma semana depois de o radialista Dumesnil Kabanga, da Rádio Despertar, ter dito publicamente num vídeo, que se tornou viral, que “flagrou” quatro agentes da corporação a consumir canábis entre os dias 14 e 20 de Agosto, na aludida unidade policial. Em declarações a OPAÍS, Kabanga disse que tomou conhecimento de tais “fumaradas” através de uma denúncia que chegouao seu programa radiofónico por intermédio de um ouvinte.

No primeiro momento ignorou, julgando ser falsa, porém, surgiram denúncias de outras pessoas referindose ao mesmo assunto e indicando esse local. Para constatar “in loco” o facto antes de abordar no seu programa, concertou com os rádios-ouvintes, que residem próximo da esquadra, um dia em que fosse possível testemunhar tal ocorrência. Incomodados com o cheiro que os tornou fumadores passivos, em função da invasão do mesmo aos seus domicílios, anuíram. Assim aconteceu. Na data prevista, em que estaria de serviço o turno dos supostos agentes que se dedicam a tal acto, Kabanga deslocou-se à noite a casa de um dos ouvintes, onde permaneceu até às 5 horas da manhã. “Passei lá a noite de uma Sexta- feira e foi assim que apanhei os quatro agentes”, frisou. Depois, o radialista divulgou o vídeo amador no qual ele aparece denunciando publicamente a ocorrência.

No vídeo, relata que se dirigiu à esquadra para apresentar uma falsa queixa-crime e pôde ver quatro agentes consumindo o estupefaciente, um dos quais, parou para o atender. Enquanto os outros, sem qualquer receio, continuavam a saciar o “vício”. “Das 4h54 até às 5horas eles ainda estavam a consumir bastante”, frisou. O radialista contou que depois de tornar pública a denúncia, foi contactado pela superintendente- chefe Engrácia Costa, do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Geral da Polícia Nacional, que o felicitou pela coragem e ousadia. “Forneci-lhe todos os dados, incluindo o dia em que aconteceu isso, a seu pedido”, frisou.

Acrescentou de seguida que “ela disse que estão a investigar o caso”. Kabanga disse que pediu à oficial superior para não expulsarem os supostos prevaricadores da corporação por supor que se assim ocorrer podem tornar-se marginais altamente perigosos. Neste contexto, como tornou público a denúncia e fez o vídeo em que expõe o assunto, teme que algo de mal lhe possa acontecer. Instado a precisar com maior clareza onde se encontra localizada a aludida esquadra, disse não saber ao certo, por ter entrado no bairro na calada da noite e saído de madrugada.

Não prestou atenção a esse pormenor e nem regressou ao local para aferir dias depois. “É na esquadra que está junto a um empreendimento com o nome de Platon”, declarou. Sobre a imagem fotográfica, de acordo com uma outra fonte da Polícia Nacional, fez-se um inquérito junto dos comandantes municipais de Luanda para tentar aferir o local em que a mesma foi tirada e os dados preliminares apontam não ser na capital do país. No entanto, as investigações prosseguem para identificar a esquadra e os agentes infractores. A nossa fonte não descartou a possibilidade de se tratar de uma foto-montagem.