As perspectivas económicas da zona Euro

As perspectivas económicas da zona Euro

A reunião culminou com a revisão em baixa das perspectivas de crescimento da economia para 2019 e 2020, para 1,1% e 1,2%, antes fi xadas em 1,2% e 1,4%, respectivamente. A revisão reflecte as expectativas dos analistas sobre as incertezas do desempenho da economia mundial, fundamentalmente, devido a manutenção das tensões comerciais entre os EUA e a China, associados às incertezas quanto à efectivação da saída do Reino Unido da União Europeia – com o cenário de uma saída sem acordo que se mantém ainda em aberto – o reduzido espaço fiscal de muitos países europeus para impulsionar a procura interna, têm penalizado as perspectivas de crescimento económico do bloco europeu.

Com efeito, o BCE decidiu alterar a taxa de juro directora de absorção de depósitos, de -0,4% para -0,5%, sendo que a taxa principal de refinanciamento e de facilidade de cedência de liquidez mantiveram-se em 0% e 0,25%, respectivamente. A decisão do BCE foi suportada pela necessidade de estimular o crédito à economia, por via da penalização de depósitos excedentários e criar condições para que a procura interna se expanda através da redução dos custos de obtenção de crédito junto ao sector bancário. Importa ressaltar, que a decisão foi seguida de uma advertência aos países membros, com espaço fiscal robusto, para accionarem as medidas orçamentais necessárias que suportem uma rápida recuperação da economia.

Paralelamente, o BCE retornou ao programa de compra de activos – Quantitative Easing – no montante mensal de 20 mil milhões EUR para um período indeterminado, a partir de 01 de Novembro. A decisão surge depois do BCE ter aplicado a medida entre os anos 2011 e 2018 e adquirido cerca de 2,1 bilhões EUR do sistema. O racional da medida, estava na necessidade de estimular o aumento dos níveis de preços e o investimento na economia.

A decisão encontra-se em linha com os receios dos países pertencentes ao bloco europeu da iminência de uma deflação dos preços, facto que poderá condicionar as perspectivas de investimento no bloco e impulsionar as expectativas de uma maior desaceleração da economia, proximamente. Por conseguinte, o BCE perspectiva com a reintrodução do programa de compra de activos, o retorno das taxas de crescimento dos preços na economia perto de 2% – A taxa target do bloco, onde a sua variação é previsível e estável -, o que deverá contribuir para o incentivo ao investimento real da economia e não penalizar o consumo das famílias.

A decisão impactou o desempenho dos mercados de modo positivo. Relativamente ao mercado accionista, o índice Stoxx 600 registou um incremento diário de 0,2% para 390,48 pontos, no dia 13 de Setembro, sendo que o mesmo desempenho foi apurado no índice bolsista Dow Jones (EUA) e FTSE 100 (Inglaterra) que ganharam 0,2% e 0,1%, ao fi xarem-se em 27.182,45 e 7.344,67 pontos, respectivamente. Por seu turno, a cotação do euro apreciou-se, com a taxa de câmbio a variar 0,55%, fixando- se em 1,1068 USD por unidade da moeda única europeia.

A decisão do BCE poderá ter refl exos sobre as perspectivas de crescimento da economia mundial. A Zona Euro, como bloco de 19 países, detém o segundo maior Produto Interno Bruto mundial (PIB), atrás dos EUA e acima da China. A evolução positiva da sua economia impulsiona as expectativas de crescimento dos seus principais parceiros comerciais – EUA, China, Japão -, o que por arrasto, contribui para o aumento do consumo de matérias- primas e crescimento das economias emergentes e exportadoras das commodities, onde se enquadra a economia angolana.

Assim sendo, e porque Angola tem na Zona Euro um grande mercado das suas importações, a perspectiva de manutenção de preços baixos dos bens poderá contribuir para a rápida estabilização dos níveis de preços e incrementar o nível de importação da região. Paralelamente, poderá aligeirar a depreciação cambial do Kwanza – com o novo regime cambial do BNA, o euro passou a ser a moeda de referência em detrimento do dólar -, e reduzir os níveis de exposição cambial face à carteira de dívida do país na moeda única europeia e nos contratos de importação de produtos e mercadorias.