O Top dos Mais Queridos elegeu a Nação

1- Eram 22h e poucos minutos quando acabávamos de dar o rosto ao ponto biométrico alguns colegas e eu, para atirar a toalha ao tapete relativamente ao dia laboral referente a Quinta-feira. Em direção às viaturas no estacionamento da instituição, sem pretenções algumas, reunimo- nos para uma conversa que a nossa faixa etária impelia. Apesar da boa conversa, o meu coração palpitava, preocupado, por causa do vazio que o depósito da minha viatura flagrava.

Pelo que, o receio de chegar a um posto de abastecimento de combustível sem sobressalto algum tomava conta da minha ansiedade. Não se diz por aí que o carro deve ser abastecido à noitinha ou pela matina, afinal? 2- Um colega, por sinal o único solteiro dos 5 que éramos, tomou a iniciativa de nos dispersarmos, com o pretexto de ter atendido a uma chamada talvez importante. Perfilámo-nos e em caravana seguimos.

Para acalmar a minha ansiedade pus-me a bisbilhotar o YouTube e ouvir algumas músicas. 3-Repentinamente, sugereme o canal louvores, de Guy Destino. Ouvi “Ndikuyongola” e “Akumama”… estes louvores, além de procrastinarem até ao posto de abastecimento de combustível mais próximo a preocupação que me assolava, fizeram-me refletir no ganho que as línguas do “não colonizador” nos oferecem, e o pensamento levou-me a viajar noutros músicos da nossa praça.

Não foi preciso muito tempo para pensar em Justino Handanga e Bela Chicola. Gosto de os ouvir. 4- Já estando a abastecer a viatura, e como mandam as regras de segurança desligar o motor, para evitar riscos, desligo o mesmo e o reprodutor do carrito. Feito isto, o contexto leva-me a ouvir o som que advinha dos altifalantes do local.

Para o meu espanto, estava a RNA a transmitir a Gala de Eleição do Top dos Mais Queridos nas lides da música angolana, tocando a musica “Eu sou Bakongo”, de Yanick Ngombo dos Afro Man, um dos concorrentes ao Top. Pela mensagem da letra, não me sobrou margem para pensar que “Eu sou Bakongo” seria uma das três músicas mais votadas. 5- Acelerei até chegar a casa e dispensei rapidamente as páginas de leitura diária por completar e sintonizei a TPA, para continuar a acompanhar a gala.

Outro espanto, estava Bessa Teixeira a cantar (pensei eu que fosse um cantor convidado, mas não. Era mesmo um concorrente. Nunca o tinha ouvido na publicidade do Top) e notei que recebeu poucos aplausos. Aliado a isso, lembrei-me das palavras de Gilmário Vemba, na condição de um dos apresentadores da Gala: “Este Top é especial, porque é a juventude a concorrer”.

Seria isso prenúncio de exclusão do Mais Velho Bessa Teixeira? 6- Finalmente, começaram a chamar, do terceiro ao primeiro mais votado(?)… Safou-se o jovem Jerilson que, na gala passada, com a “sua bêbada” viu o primeiro lugar por um triz, nesta saiu-se em terceiro lugar. Desse modo, sobravam apenas duas vagas, senão mesmo uma, já que tudo apontava que Yanick levaria algum troféu para a casa.

A vaga seria disputada entre Alison Paixão, Puto Português e Rui Orlando. 7- Caiu como uma bomba para muitos, mas para mim foi a “cereja no topo do bolo” ouvir o nome de Bessa Teixeira como o segundo mais votado. Não há cá tribalismo, mas o primeiro representou os Bakongo e o segundo os Sulanos. Assim sendo, cumprir-se-ia a premissa segundo a qual, “Um só Povo, Uma só Nação. O Top dos mais queridos 2019 elegeu a Nação Angolana.

 

David Calivala

*Docente universitário