A União Europeia (UE) condenou nesta Segundafeira (14) a operação militar da Turquia no Norte da Síria e prepara sanções contra as perfurações ilegais para encontrar petróleo realizadas pela Turquia em frente à costa do Chipre. Os ministros de Relações Exteriores do bloco redigiram uma declaração conjunta.
“A UE condena a acção militar da Turquia que compromete gravemente a estabilidade e a segurança de toda a região no seu conjunto”, e concordou em tomar “medidas restritivas contra as pessoas físicas e jurídicas responsáveis ou envolvidas nas actividades de perfuração ilegal para obter hidrocarbonetos no Mediterrâneo oriental”, informaram os ministros das Relações Exteriores da UE, reunidos no Luxemburgo. De acordo com fontes diplomáticas, os Estados-membros não impuseram um embargo de armas à Turquia por causa da oposição do Reino Unido. Os países comprometeramse somente a “adoptar posições nacionais firmes em relação às suas políticas de exportação de armas à Turquia”, aponta o comunicado.
O argumento do Reino Unido para se opor ao embargo foi a condição de membro da OTAN da Turquia. A UE pediu uma “reunião ministerial da coligação internacional contra o Daesh (acrônimo árabe do Estado Islâmico) com o objectivo de examinar como continuar os seus esforços no contexto actual”. O que acontece na região: No dia 7, o Presidente dos EUA, Donald Trump, mandou as tropas americanas saírem do Norte da Síria, onde está a fronteira com a Turquia; essa é uma das áreas onde vivem os curdos, um povo de cerca de 35 milhões de pessoas que não tem um Estado e se espalha por partes da Síria, do Irão, do Iraque e da Turquia; os curdos querem autonomia, mas enfrentam a resistência dos governos da região; nos últimos 6 anos, milícias formadas por curdos na Síria foram as principais aliadas dos EUA para derrotar os terroristas do Estado Islâmico; por outro lado, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusa as forças curdas do Norte da Síria de terrorismo.
Segundo ele, estes grupos estariam por trás de ataques ocorridos na Turquia; a saída das tropas americanas abriu caminho para Erdogan atacar os curdos, e a ofensiva começou na última Quarta- feira (9); o presidente turco alega que quer controlar militarmente aquela região e mandar para lá os milhares de sírios que fugiram para a Turquia por causa da guerra civil no seu país; sem a protecção militar dos EUA, cerca de 2 milhões de curdos na Síria ficaram expostos; dezenas de civis já morreram, e a ONU diz que mais de 130 mil pessoas fugiram de casa desde que os ataques começaram; a “traição” de Trump aos curdos foi criticada até mesmo por aliados nos EUA, que temem que a instabilidade provocada por um novo confronto na Síria fortaleça o Estado Islâmico; outro risco apontado por esses críticos é a possível aproximação dos curdos com os governos da Síria e da Rússia, adversários dos americanos.