“Prevê-se para 2020 taxas positivas e retoma do crescimento económico do país”

“Prevê-se para 2020 taxas positivas e retoma do crescimento económico do país”

“A crise económica em Angola não é de hoje, não tem dois anos, ela começou realmente em 2014 e foise agudizando não só por força da baixa constante do preço do petróleo”, começou por enfatizar João Lourenço no palanque da Assembleia Nacional.

Segundo João Lourenço, em 2017 a “situação económica de Angola era caracterizada por uma forte expansão fiscal e, uma despesa muito superior à receita” de que resultaram sucessivos défices orçamentais e o consequente “enfraquecimento da posição externa do país que provocou uma queda significativa das reservas internacionais líquidas, por um endividamento crescente, verificável na progressão do rácio do stock da dívida sobre o PIB, por taxas de inflação acumulada altas e pela recessão económica”.

Entretanto, em Outubro de 2019, a situação não melhorou, mas não parece estar pior do que já esteve. João Lourenço, no final acabou por apelar ao poder de resiliência de todos, pois só assim se entende o adágio “o apressado come cru”, deixando entender que os sacrifícios de momento são necessários. O Chefe do Executivo traçou um quadro em que deixa transparecer que o seu programa de governação está a dar algum resultado, mesmo que tímidos. Assim mesmo, menciona o “Programa de Estabilização Macroeconómica iniciado em Janeiro de 2018”, que teve o mérito de já o ano passado ter levado o país a “registar um saldo orçamental positivo de 2,2% do PIB”.

Segundo o PR, os dados preliminares apontam para um saldo orçamental igualmente positivo em 2019. “De assinalar que no fim do primeiro semestre deste ano o saldo orçamental foi positivo em cerca de 1,3% do PIB”, mencionou João Lourenço para ilustrar os primeiros resultados da sua presidência, que soma já 24 meses completados a 26 de Setembro último.

“O facto de se ter saído de uma situação orçamental deficitária para uma situação superavitária é de uma grande importância, pois tal significa que o país terá menores necessidades de endividamento e pode escapar a uma autêntica armadilha da dívida”, enfatizou João Lourenço. O Presidente da República deposita grandes “esperanças” no próximo ano que começa já daqui a pouco mais de 60 dias. “Prevê-se para 2020 taxas positivas, a retoma do crescimento económico no país, graças ao aumento da taxa de crescimento do sector não petrolífero, não obstante ao abrandamento da redução da produção petrolífera”.

Entretanto outras vozes contrariam o “optimismo” do PR apontando como um dos principais males a falta de reflexo real dos efeitos positivos na vida dos cidadãos e assinalam que a tendência manter- se-á até que se inverta o crescente desemprego que assola mais de metade da população angolana em idade produtiva. Uma destas vozes é do economista Mondlane da Cruz que aponta como saída a aplicação de uma “verdadeira Economia do mercado” onde o Estado paulatinamente afasta-se, dando lugar ao sector privado. “Não podemos nos enganar, estamos a viver um período de austeridade. Para sair dele temos que aplicar medidas impopulares”, que hão de passar por mais desemprego.

“A reforma da banca vai levar muitos bancos a fechar e aumentar o desemprego, em contrapartida estaremos a afastar os Pessoas Politicamente Expostas (PEP’s, sigla em inglês) da banca e empresas estratégicas e terminar definitivamente com a acumulação primitiva de capital e eliminar os monopólios”, para que efectivamente se realize a terapia necessária para combate aos nossos males crónicos e por esta via aprendermos a viver com menos e logo consentir sacrifícios.

O nosso entrevistado defende que precisamos de “abrir Angola para o mundo”, deixando para atrás o isolamento a que nos submetemos durante anos. Um dos grandes desafios que o mesmo aponta é a necessidade de entrada do país no mercado da SADC e no mercado livre africano. “Não podemos ter pressa de colher aquilo que não semeamos”, sentencia o economista Mondlane da Cruz. Para o especialista, o país precisa crescer com taxas positivas, só depois disso poderá começar a fazer contas do número de empregos criados.