Director do hospital do Lobito acusado de agredir jornalista da RNA

Director do hospital do Lobito acusado de agredir jornalista da RNA

O jornalista Abel Samba diz ter sido impedido pelo director Luís Varanda, em dois momentos distintos: Primeiro, quando cobria uma visita de trabalho do Gabinete Provincial da Saúde, Manuel Cabinda, àquela unidade e, segundo, quando um incêndio deflagrou na farmácia do hospital regional do Lobito.

Neste último, disse o jornalista da RNA/Lobito a OPAÍS, pedia que, por via dos microfones da rádio pública, dada à morosidade do corpo dos bombeiros, o responsável apelasse a pessoas colectivas que pudessem ajudar a unidade sanitária a conter o fogo. De acordo com o profissional, o responsável quis tirar-lhe o telefone com o qual fazia o directo para a rádio, proibindo-o de cobrir aquele facto noticioso.

Na ocasião, o profissional disselhe que, ao proceder daquele jeito, o responsável estaria a violar a lei: “ele disse-me ‘sai da minha instituição’ e eu, em resposta, disse-lhe que aquela era uma instituição pública”, explicou a OPAÍS Abel Samba.

O presidente do Clube de Imprensa de Benguela (CIB), Edson Santos, reprovou com “veemência” a acção do director do hospital regional e lamenta o facto de o responsável ter decidido partir para a agressão física.

De acordo com Edson Santos, o CIB não tolera aquele tipo de comportamento, por isso deverá accionar alguns mecanismos para defesa do associado agredido, sem no entanto avançar mais pormenores.

Segundo apurou o jornal OPAÍS de jornalistas, desde que foi detido pela Procuradoria Geral da República, sob suspeita de peculato, que o responsável se tem manifestado indiferente para com os jornalistas. Entretanto, o director do Hospital Regional do Lobito, Luís Varanda, desmente que tenha agredido Abel Samba, argumentando que, no momento do incêndio, tanto ele quanto o jornalista faziam o seu trabalho.

“Eu estava ali a ajudar a puxar as coisas e estava a falar com os senhores supervisores e ele põe-me o telefone a falar em directo e eu só lhe afastei e disse “respeita às pessoas” e mais nada. Ele foi para a vida dele e continuou a falar”, explicou.

Questionado se terá impedido o profissional de exercer o seu trabalho na visita de trabalho do director do Gabinete Provincial da Saúde, respondeu que “não sabe”, justificando que, nos seus 30 anos de folha de serviço no Estado nunca teve qualquer problema com a imprensa.

Em entrevista à Rádio Ecclésia, o jurista Domingos Chipilica Eduardo disse que, dada à exposição do jornalista, o responsável incorre em dois crimes, designadamente o de agressão física e injúria, por alegadamente ter proferido algumas palavras menos abonatórias.

De acordo com Chipilica, a ser verdade, o responsável viola o direito do jornalista de informar e o do cidadão de ser informado, consagrado constitucionalmente.