Trabalhadores da Elisal preparam marcha para Sábado

Trabalhadores da Elisal preparam marcha para Sábado

Os trabalhadores da Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal) paralisaram novamente os seus serviços, desde as primeiras horas de Quarta-feira, por tempo indeterminado, para exigir melhores condições de trabalho. A decisão surge pelo facto de não verem cumpridas as promessas feitas na última reunião de concertação.

Tinham acordado que os salários seriam pagos no final de cada mês, aspecto que não está a ser cumprido, uma vez que ainda registam atrasos, dizem. Acordaram também que a empresa deve dar apoio fúnebre aos trabalhadores e familiares do primeiro grau; a empresa deve pagar a segurança social e garantir a assistência médica e medicamentosa aos trabalhadores. Muitos dos trabalhadores não entram na reforma porque a empresa tem dívida na Segurança Social, pelo que os funcionários acham fundamental que o pagamento das mesmas seja um facto.

Por outro lado, pagou-se o salário de Setembro, mas esperavam o de Outubro e, nada, como contaram a OPAÍS. Essas promessas de resolução dos problemas dos trabalhadores da Elisal terão sido feitas na reunião do dia 24 de Outubro com o governador da província de Luanda, Sérgio Rescova.

Apesar de terem tentado um consenso com o Governo Provincial de Luanda, uma vez que a empresa é gerida temporariamente pelo GPL desde a exoneração do director, da reunião parece não ter “transpirado” muita coisa, pois os trabalhadores voltaram a paralisar e agora estão decididos a não recuar.

“Na Quarta-feira, 06, fomos chamados para mais uma reunião no GPL, que, infelizmente, não aconteceu, por indisponibilidade do governador. Enquanto durar a greve, os trabalhadores da Elisal sairão das instalações na Frescangol até ao 1º de Maio marchando, também como forma de reivindicação contra as constantes injustiças”, disse Ventura Luciano, o primeiro secretário da comissão sindical da Elisal, que voltou a frisar que o problema dos trabalhadores desta empresa pública tem sido cíclico e há bastante tempo que esperam por melhorias.

Falta de condições de trabalho, falta de boa assistência médica e medicamentosa e salários não pagos pontualmente são os principais motivos desta paralisação que hoje começa, e não tem data de término. “Só para ter noção, senhor jornalista, nós não temos no centro médico da empresa nem sequer um paracetamol”, lamentou.

Aqueles trabalhadores, segundo o entrevistado, colocam diariamente a vida em risco, por lidarem com lixo, e a assistência médica e medicamentosa da empresa não é das melhores. Este problema é antigo e estão cansados de receber promessas da sua resolução que não são cumpridas.

No ano em curso, esta é a terceira paralisação registada na Elisal. A primeira foi em Agosto, numa decisão que surgiu em função do facto de a então direcção da Elisal ter a pretensão de liquidar apenas a dívida dos ordenados do mês de Junho, violando um dos pontos constantes no caderno reivindicativo.

A segunda foi há pouco menos de um mês. Os sucessivos atrasos salariais estavam na base da decisão de paralisar o trabalho, por isso, os trabalhadores foram unânimes em decretar a greve, já que a entidade empregadora decidiu pagar apenas um mês e não dois, como se exigia.

Quando fazem uma greve, aqueles trabalhadores paralisam os serviços de varredura, recolha e depósito do lixo no aterro sanitário dos Mulenvos, até à resolução do problema. A Elisal tem responsabilidades atribuídas para a manutenção do aterro, assistência técnica dos municípios, bem como a operação na limpeza e recolha dos resíduos sólidos no município do Cazenga.

Desde o dia 30 de Julho de 2019 que o Conselho de Administração da Elisal-EP foi exonerado e criouse uma comissão de gestão coordenada pela vice-governadora para os serviços técnicos e infra-estruturas, Elisabeth Rafael.