I Centro de Estudos Literários dinamiza literatura no país

I Centro de Estudos Literários dinamiza literatura no país

Por ocasião do 7 de Novembro (Dia do Escritor Africano), a União dos Escritores Angolanos (UEA) inaugurou o Centro de Estudos Literários Angolanos (CELA), sito nas suas instalações, em Luanda, no Largo das Escolas.

O director do órgão tutelado pela UEA, Abreu Paxe, explicou que o CELA vai cuidar da sistematização, inventariação e arrumação dos estudos literários angolanos e a consequente promoção e estudo dos escritores. Para isso, o centro vai convocar pessoas que estejam a se formar ou mesmo formadas em determinadas áreas da cultura e da literatura para desenvolver estudos dentro das linhas de pesquisa que o mesmo traçou.

Quanto à possibilidade de o CELA, eventualmente, poder chocar com os interesses da UEA, Abreu Paxe descartou-a, acrescentando que a União não faz estudos e quando publica um, é porque alguém de fora o fez. “Quer dizer que a União cuida da componente editorial, da promoção dos eventos e o CELA só trata dos estudos mais específicos e essas linhas vão cuidar de promover diferentes encontros, colóquios, congressos, workshops, dedicados a um escritor ou a vários escritores”, reforçou.

Uma vez inaugurado, o primeiro trabalho do órgão é a sua organização estrutural, criação dos seus órgãos de apoio e depois a definição de como construir as linhas de pesquisas gerais e diferentes, e os projectos iniciais que vão funcionar de acordo com as linhas.

Produção de estudos literários

Na ocasião, esteve o secretário de Estado para a Cultura, Aguinaldo Cristóvão, que afirmou que apesar de se ter em Angola uma literatura bastante conhecida internacionalmente e muitos escritores que são referência nos mais diversos continentes, um dos desafios que hoje se coloca, principalmente no contexto angolano, é a produção de estudos literários. “Parabenizo a UEA pela abertura do CELA. E associar a UEA a um centro de estudos literários há-de permitir que aquilo que tem estado a ser produzido enquanto obras de escritores angolanos e não só, possa servir de base, de ferramentas, para que os académicos possam debruçar sobre ele e emitirem as suas opiniões”, disse. Referiu que Angola tem obras publicadas num número que se considera suficiente para o país e provavelmente à escala continental.

Dia do Escritor Africano

O secretário de Estado reconheceu que há algum tempo que Angola não desenvolve uma actividade integrada para comemorar a referida efeméride, embora tenha sido recomendada pelo Conselho de Ministros da União Africana. “O dia do escritor africano leva-nos a perceber principalmente os desafios sobre o seu papel em África. E o nosso contexto africano é caracterizado pela existência de intelectuais, escritores, muitos dos quais constituíram a gesta do nosso pan-africanismo”, disse.

Para si, quando se fala do escritor africano, está-se a referir ao intelectual dentro do seu contexto, por termos uma história comum, ao nível dos países africanos em que os diversos processos de luta pela independência, permitiram a aproximação entre os escritores, e que houvesse um contacto maior entre si.

Escritores Africanos mais distantes

Volvidos 44 anos, de acordo com Aguinaldo Cristóvão, olha-se para o continente africano e para os escritores, e percebe-se que nem mesmo no período em que havia mais restrições, havia uma ligação mais próxima, hoje, tem-se uma ligação que é mais limitada.

“E eu penso que esta data deve servir para o reforço do relacionamento, da ligação entre os escritores africanos. Há dois anos, os escritores daÁfrica Central decidiram promover uma iniciativa, para a circulação do livro, ao nível do continente, um dos desafios que nós temos é de primeiro produzir e divulgar o seu conhecimento e que esse conhecimento possa ser partilhado por todos”, declarou.

Por sua vez, o secretário de Estado para as Relações Exteriores, Tete António, considerou esse dia especial por ser dedicado ao continentemãe, e por acontecer em Novembro, mês em que se celebra a independência de Angola. “Nós reconhecemos o quanto os escritores lutaram para termos a África que temos hoje, uma África livre”, lembrou.