Razões orçamentais condicionam celebração do Dia da Independência no Reino Unido

Razões orçamentais condicionam celebração do Dia da Independência no Reino Unido

A efeméride foi assinalada sem nenhuma forma de celebração oficial, nem por parte das entidades angolanas acreditadas no país, tão-pouco daquela que é apontada como a segunda maior comunidade de angolanos na Europa, depois de Portugal Ao contrário daquilo que o tempo e o costume já transformam em hábito, a celebração do 11 de Novembro, dia da Independência de Angola, no Reino Unido passou, ao menos este ano, “em branco”, como forma de se dizer em silêncio total e absoluto.

O silêncio que se tornou ensurdecedor, na visão de alguns dos nossos entrevistados, por causa do “barulho” costumeiro nesta altura do ano, deve-se, segundo nos avançou uma fonte, a “razões orçamentais difíceis” que não são “exclusivas da missão diplomática em Londres”. Ou seja, as tão famosas contenções de gastos que o governo tem vindo a anunciar, devido à actual conjuntura económica e financeira que o país atravessa, já atingiram também as representações angolanas no estrangeiro.

Ainda assim, importa lembrar que, no caso do Reino Unido, as últimas actividades com o apoio institucional da Embaixada não eram promovidas com acesso gratuito à comunidade, o que não é comum em outras realidades. No ano passado, por exemplo, o acto de celebração central do Dia da Independência foi marcado com o espectáculo “Dipanda Fest”, que contou com a participação especial dos músicos Matias Damásio e Filho do Zua, cujas entradas rondavam entre as 15 libras, o que em kwanzas seria aproximadamente a 9 mil kwanzas, e as 30 libras, o equivalente a cerca de 18 mil kwanzas.

O que deixa evidente que mesmo em conhecidos “tempos de vacas magras” as comunidades não escapavam aos gastos para celebrar tão importante data para os angolanos, mesmo em actividades apoiadas institucionalmente pela missão diplomática. dipanda Fest 2019 cancelado Há alguns meses que algumas vozes dentro da comunidade angolana no Reino Unido, dentre as  Israel Campos, Londres quais destacava-se a do activista cívico Gika Tetembwa, iam contra a realização do evento “Dipanda Fest 2019”, anunciado pela organização “Taste Black History” para o dia 10 de Novembro, Domingo passado, para a celebração do Dia da Independência Nacional.

As vozes discordantes sustentavam o seu discurso com o facto de defenderem que o actual momento social que os angolanos vivem em Angola não se compadece “com farras e extravagâncias” do género, alegando que existiam outras maneiras de se celebrar a data.

O evento, que anunciava o artista Paulo Flores como cabeça de cartaz, apresentava-se, à semelhança do ano passado, com o selo do apoio institucional dado pela Embaixada de Angola no Reino Unido e Irlanda do Norte.

Faltando escassos dias para a realização do evento, o seu cancelamento foi anunciado porque o número de vendas mínimo estipulado pela sala do evento não foi atingido, de acordo com Natacha Mendes, da organização do evento. Esclarecimentos da embaixada Com o intenção de buscar esclarecimentos sobre a falta de um acto oficial para a celebração da data em causa, cantactámos uma fonte da Embaixada de Angola no Reino Unido, que não quis ser identificada, mas disse que “razões alheias à nossa vontade e à nossa responsabilidade estiveram na base deste cenário”.

Como reflectir em torno e questionar sistemas fizeram, provavelmente, parte dos ideais que motivaram a conquista da Independência de Angola, deixamos aqui uma questão direccionada, em especial, aos representantes da missão diplomática de Angola no Reino Unido e Irlanda do Norte: Seria tão caro assim o içar da bandeira e a entoação do hino nacional? Ou o costume transformou as “farras” na única maneira de se celebrar Angola, os angolanos e os seus feitos?