Isaías Samakuva, até hoje presidente da UNITA, porque amanhã será eleito o seu sucessor, disse, ontem, na sessão de abertura do XIII Congresso deste partido, que o país está a atrasar-se porque o poder está “às mãos de forças oligárquicas que capturaram o Estado e se apoderaram da economia para subjugar o povo angolano”. Mas não se ficou por aí, “por isso, encorajou o Presidente João Lourenço a prosseguir com determinação a luta contra a corrupção, sob pena de ser absorvido pelo forte movimento em prol da democracia”, narrou a ANGOP.
A primeira pergunta que surge, com este “encorajou”, é: isto é um discurso do líder do maior partido da Oposição? Mas há uma razão: Samakuva sabe que o combate à corrupção está circunscrito, em termos políticos, ao interior do MPLA, o partido do Presidente. É um pouco como ir atirado combustível para a fogueira e ficar a ver como os outros se destroem.
A esperança está na fragilização do MPLA em resultado deste combate. Se João Lourenço roubou à Oposição o discurso contra a corrupção, Samakuva rouba-lhe a paz no interior do seu partido, tira-lhe o inimigo externo, fonte de alimentação da coesão do MPLA. Mas isto tem um preço, sinaliza ao eleitor que João Lourenço está mesmo empenhado e na liderança do combate contra o mal.
Ora, o povo quer o bem, portanto, já tem um líder para o conduzir. E, tanto Lourenço como o povo podem apresentar a factura, vão precisar de um apoio explícito e efectivo em 2022. Esperemos pelo posicionamento do homem que se segue.