Munícipes pedem requalificação da cidade da Quibala

Munícipes pedem requalificação da cidade da Quibala

O município da Quibala, um dos 12 da província do Cuanza-Sul, enfrenta problemas estruturais em quase todos os sectores, principalmente no da saúde, que exigem, a curto prazo, respostas integradas e adequadas das autoridades locais, disseram os munícipes dessa localidade que recentemente foram auscultados pelo vice-Presidente da Republica, Bornito de Sousa.

As preocupações, que não são novas e têm sido objecto de debate neste município, foram apresentadas pelo Soba Grande, por um representante do Conselho Municipal da Juventude e por um empresário que também acompanha o conselho municipal. Em entrevista a OPAÍS, membro da Camara de Comércio e Indústria do Cuanza-Sul, José Cungo, que também fez parte da auscultação, disse que fizeram referência à saúde uma vez que têm um bloco operatório que neste momento se encontra encerrado devido à falta de quadros.

“Os quadros expatriados que tínhamos aqui no município foram-se embora, por essa razão temos sofrido bastante. Temos registado muitos acidentes de motas e há mulheres que na hora do parto necessitam de intervenção cirúrgica”, detalhou. Acrescentou de seguida que “há a necessidade deste problema estar resolvido, uma vez que estamos distantes do Sumbe.

Não obstante, é para lá onde são enviados constantemente pacientes nessa situação”, disse.

Município precisa de quadros do domínio do Ensino Médio

Para além disso, abordaram o actual estado do sector da educação, uma vez que muitas empresas desse município necessitam de técnicos médios e a procura tem sido maior do que a oferta. Nesta localidade não há possibilidades de se formar técnicos desse nível devido à falta de escolas. “Gostaríamos que a escola de 24 salas fosse concluída, no sentido de dar início à formação no Ensino Médio”, clamou José Cungo.

De acordo com o nosso interlocutor, pela sua importância na circulação de pessoas e bens, essa cidade precisa ser revalorizada. As vias secundárias e terciárias reabilitadas, o que não aconteceu. Somente a Estrada Nacional 120 foi reabilitada.

Por essa razão, os munícipes pediram ao vice-presidente da República que os ajude na reabilitação da cidade, que se encontra ainda com muitas edificações destruídas, um cenário marcado por um passado menos bom. José Cungo realçou ser preocupação da Administração Municipal eliminar os vestígios da guerra, mas que é preciso o envolvimento do Governo da província. “Isso envolve custos elevadíssimos, nós sabemos. Como podem verificar, há prédios que devem ser demolidos”, frisou.

Um outro aspecto que não deixaram de frisar é o dos concursos públicos. “Nesses concursos têm-nos sido atribuídos poucos lugares. Solicitamos para que este número seja alargado, de forma a fazermos cobertura a uma série de quadros que fazem falta aqui”, disse.

Por sua vez, a secretária executiva do Conselho Municipal da Juventude, Dionísia Domingos, disse que apresentaram como preocupações a falta de postos de registo, para a emissão de bilhetes de identidade, e de livros de registo para a criança, um problema que deixa os munícipes agastados, por causa das constantes distâncias que têm de percorrer para encontrarem esse tipo de serviço.

Falta de emprego, um dos principais factores do alcoolismo e prostituição Disse ainda que durante o encontro apresentaram como outras preocupações a falta de emprego e de casa própria, bem como as dificuldades para a sua formação académica e profissional, devido à inexistência de escolas do segundo ciclo e de bibliotecas, sobretudo nas zonas rurais.

“As grandes inquietações da juventude é a falta de emprego porque muitos técnicos e os poucos licenciados acabam trabalhando nas fazendas, ganhando mal, sendo que outros limitamse a fazer trabalhos de moto-táxi”, afirmou. Na opinião do jovem Bernardo Ngola, a falta de emprego é um dos principais factores do alcoolismo, prostituição e do consumo de drogas nessa parcela do território nacional. Um quadro que poderá mudar se a ofertar de emprego aumentar.

Apesar das dificuldades, os jovens manifestaram-se animados e mobilizados para participarem na reconstrução do desse município. A auscultação, à porta fechada, decorreu durante uma visita que o vice- presidente fez àquela cidade. Segundo os jovens, Bornito de Sousa, garantiu confiança, registou todas as preocupações e prometeu que serão resolvidas paulatinamente.