Exumado corpo de criança enterrada pelo pai na via pública no Lobito

Exumado corpo de criança enterrada pelo pai na via pública no Lobito

O corpo de uma criança de dois anos, enterrada pelo próprio pai, de 52 anos, na madrugada do último sábado, junto a uma vala no Bairro Boa Vista, zona alta da cidade do Lobito (Benguela), foi já exumado nesta segunda-feira, para exames de autópsia, apurou a Angop.

Autorizado pelo Ministério Público, o acto de exumação do cadáver da criança, do sexo masculino, foi realizado por uma equipa composta por agentes do Comando Municipal da Polícia Nacional no Lobito, Administração Municipal e Saúde Pública, com o acompanhamento de perto da única médica legista da província de Benguela.

Uma fonte da Polícia Nacional, contactada pela Angop, referiu que a criança foi enterrada em horário e local inadequados, sem que fosse emitido pelas autoridades, designadamente Saúde e Justiça, um boletim de óbito que comprovasse a real causa da sua morte, daí a necessidade de exumação do corpo.

Ainda segundo a fonte, o pai, desempregado, apenas envolveu o menor em lençóis e, com a ajuda de uma pá, enterrou-o em plena madrugada, o que constitui um crime de ocultação de cadáver e atentado à saúde pública pela não observação das normas de higiene e segurança, nomeadamente o enterro no cemitério.

Agora, as autoridades investigam as circunstâncias da morte da criança (que teria ocorrido no sábado à noite em casa), não obstante a família, de baixa renda, relatar que a causa da morte teria sido aparentemente por doença

Tudo aconteceu no momento em que a mãe já se encontrava no Centro Materno Infantil da Bela Vista, na zona alta do Lobito, internada com outras três crianças. Quando o pai voltou à casa nessa noite de sábado, percebeu que seu filho, de 13 anos, chorava e, na sequência, constatou o óbito da criança que deixara com aquele.

Desesperado, esperou até à madrugada e decidiu enterrar o corpo do filho menor nas proximidades de uma vala de drenagem, localizada a poucos metros da casa onde vive esta família, mas os vizinhos suspeitaram algo estranho e accionaram, neste domingo, a Polícia Nacional, para exumação do cadáver.

Entretanto, o homem, cuja identificação não foi revelada, já foi ouvido pelas autoridades policiais e alegou falta de dinheiro para o funeral e insistiu até que a família estaria a ter dificuldades para alimentar as três crianças internadas no centro pediátrico da Bela Vista.

Dada a situação de vulnerabilidade social desta família e a necessidade de assistência alimentar às três crianças internadas, as autoridades aplicaram ao homem a medida de coação de termo de identidade e residência, no âmbito de um processo-crime já aberto pelo Ministério Público.

Enquanto as autoridades aguardam os resultados da autópsia para emitir um posicionamento, o caso insólito já mereceu o repúdio da sociedade no Lobito.