Angola tem apenas 32 dermatologistas para mais 28 milhões de habitantes

Angola tem apenas 32 dermatologistas para mais 28 milhões de habitantes

O mínimo necessário para fazer a cobertura nos hospitais provinciais e municipais do país é de 200 dermatologistas. Há províncias que não têm um só especialista, fazendo com que a população se desloque à capital do país para fazer uma consulta, segundo o director do Serviço de Dermatologia do Hospital Américo Boavida, Juliano Isaías

Por:Milton Manaça

Juliano Isaías falava a OPAÍS à margem do 3°Whorkshop Internacional sobre dermatologia e disse que 32 dermatologitas são insuficientes para fazer a cobertura nas unidades sanitárias e dar resposta aos pacientes que diariamente procuram uma explicação do seu problema. O dermatologista disse que as doenças da pele tendem a aumentar e estão ligadas às condições sócio-económicas da população, sendo que a procura por tratamento é cada vez maior nos hospitais e centros de Saúde.

A pressão a que se assiste nas grandes unidades gerais ou de carácter provincial está também relacionada coma falta de especialistas nos centros de saúde municipais e de comunas, sendo urgente a formação de quadros para inverter a situação, de acordo com o interlocutor. “O país é grande e para se ter uma noção, províncias como Moxico, Cunene e Namibe não têm dermatologistas.

Caso tenham não são angolanos”, disse Isaías Juliano a OPAÍS, acrescentando que, por esta razão, muitos doentes vêm de outras província e fazem consultas na capital. O médico Juliano Isaías disse que os 32 dermatologistas estão muito distantes para responder à demanda e nesta fase Angola precisa de, no mínimo, 200 a 300 especialistas nesta área. “Por exemplo, no Brasil já se fala de mais sete mil dermatologistas e a tendência é aumentar cada vez mais. Há que se fazer um esforço e investir na formação, de uma ou de outra forma”, disse.

O director do Serviço de Dermatologia do Hospital Américo Boavida disse que os poucos especialistas que o país tem estão todos concentrados na província de Luanda, mas valorizou o facto de nos últimos 10 anos se ter formado mais de 20 quadros É que, segundo Juliano Isaías, antes da formação destes novos 20 dermatologistas existiam no país apenas cinco especialistas de doenças da pele. Juliano Isaías foi o presidente da comissão organizadora do workshop internacional sobre dermatologia realizado na Sexta- feira, 22, em Luanda, e frisou que encontros desta natureza traduzem-se numa oportunidade para pensar sobre os novos desafios e traçar novas metas.

O evento abordou cinco temas científicos, entre os quais as doenças negligenciadas em Angola, mapeamento da lepra no país, consultas de albinismo e outras patologias relacionadas com a pele. Trocar experiências entre os especialistas angolanos e portugueses convidados, incentivar a investigação científica, foram os objectivos da realização deste evento do Hospital Américo Boavida. Desde 2003, o seu Serviço Dermatológico formou 16 especialistas. O Serviço de Dermatologia do Hospital Américo Boavida atendeu, de Janeiro a Outubro do corrente ano, 5 mil 296 doentes de Luanda e de outras províncias com diversos problemas da pele.