Michael Bloomberg junta- se à corrida presidencial nos EUA

Michael Bloomberg junta- se à corrida presidencial nos EUA

Dono de uma fortuna de uSD 54 biliões, o exprefeito de Nova York oficializou, neste Domingo (24), a sua précandidatura pelos Democratas

Fonte:Globo

 O ex-prefeito (presidente da Câmara) de Nova York Michael Bloomberg anunciou, neste Domingo (24), que vai concorrer à disputa presidencial nos Estados Unidos. Ele será mais um dos pré-candidatos do Partido Democrata. “Estou prestes a concorrer a presidente para derrotar Donald Trump e reconstruir a América”, escreveu no Twitter.

“Acredito que o meu conjunto único de experiências em negócios, governo e filantropia, vão capacitar-me para ganhar e liderar”. “Não podemos passar mais quatro anos com as acções imprudentes e anti-éticas de Trump”, declarou Bloomberg no site da sua candidatura. “Ele representa uma ameaça existencial ao nosso país e aos nossos valores. Se ele ganhar outro mandato, pode ser que nunca recuperemos o prejuízo”. Bloomberg já havia falado, no início do mês, sobre sua intenção de concorrer.

Com o anúncio oficial, ele se junta ao conjunto de pré-candidaturas do Partido Democrata – que inclui Bernie Sanders, Elizabeth Warren, Joe Biden, Kamala Harris e Pete Buttigieg, os principais candidatos. Todos eles participaram no debate do partido em ser por certo Setembro. Bloomberg é um magnata dos media. Em 1981, ele ajudou a fundar a Bloomberg LP, empresa de media, software, dados e finanças em Nova York. Hoje, é dono de 88% do negócio e tem lucros estimados em USD 10 biliões.

Com fortuna avaliada em USD 54,1 biliões, Bloomberg tem 77 anos e foi classificado pela revista “Forbes” como a 9ª pessoa mais rica do mundo este ano. Filantropo, doou USD 8 biliões para causas como o controlo de armas e as mudanças climáticas, segundo a revista. Foi eleito prefeito de Nova York três vezes seguidas: em 2001, 2005 e 2009. Nos dois primeiros mandatos pertenceu ao Partido Republicano, o mesmo do agora adversário Donald Trump. Em 2007, passou a ser candidato independente, e permaneceu assim até ao ano passado, quando se juntou aos Democratas novamente (ele tinha sido do partido até 2001).

Bloomberg enfrenta imensos obstáculos à conquista da indicação pelo Partido Democrata, segundo o “New York Times”. Entre eles estão a sua própria bagagem política – que inclui uma complexa rede de relações comerciais e históricos de comentários depreciativos sobre mulheres e políticas de aplicação da lei que miravam de forma desproporcional homens negros e latinos com buscas invasivas. Para o jornal, a sua entrada tardia na corrida presidencial vai deixá-lo em desvantagem em relação aos outros candidatos nos quesitos de construir um perfil nacional e de ter uma organização de campanha em larga escala – apesar de a sua campanha vir a ser milionária.

Por causa desse atraso, ele já decidiu não participar nas votações primárias em Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul, marcadas para datas de Fevereiro de 2020. Em vez disso, vai concentrar-se na Califórnia e no Texas, que terão primárias em Março e, além disso, têm mais delegados. Ele já se qualificou para participar nas primárias no Alabama. Assim como Bernie Sanders e Joe Biden, Bloomberg é um dos candidatos mais velhos da corrida e, como eles, seria o Presidente mais velho da história americana a assumir o cargo.

Propostas

Entre as propostas listadas na campanha de Bloomberg estão: que os ricos paguem mais impostos (incluindo ele próprio); o combate às mudanças climáticas; a protecção dos direitos da mulher e da comunidade LGBT; acabar com a violência por armas; fornecer serviços de saúde de qualidade a todos os americanos; a criação de empregos, o apoio a veteranos das forças armadas e “reestabelecer o lugar da América como uma força pela paz e estabilidade”, além de consertar o “sistema falido de imigração”.

Campanha milionária

Segundo o jornal “The Washington Post”, a campanha de Bloomberg já fez reservas de mais de USD 30 milhões em campanhas de televisão para apresentá-lo como candidato. As propagandas devem começar a ir ao ar hoje, Segunda-feira (25). O ex-prefeito de Nova York também anunciou uma campanha de USD 100 milhões para criticar Trump em Estados considerados essenciais, e outros USD 15 milhões para esforços de registos de eleitores nesses mesmos lugares. Segundo o “The Washington Post”, os valores já são mais do que o dobro do que Bernie Sanders – o que mais arrecadou entre os democratas – conseguiu até Setembro.

A própria fortuna de Bloomberg deve intensificar o debate entre os Democratas sobre se – e como – conter o poder de pessoas extremamente ricas. Sanders acusou o ex-prefeito de “tentar comprar uma eleição” com a investida de comerciais televisivos. No Sábado (23), ele descreveu Bloomberg como o “sintoma de um problema” – de que as pessoas mais ricas dos Estados Unidos têm controlo demais sobre o Governo. Já o actual Presidente americano, Donald Trump, não pareceu preocupado com a possibilidade de Bloomberg vir a competir, segundo o “New York Times”.

Na Sexta-feira (22), antes do anúncio, ele observou que o ex-prefeito de Nova York gastaria bastante numa eventual campanha e que, nesse processo, poderia prejudicar Joe Biden, que lidera algumas pesquisas de intenção de voto. “Não há ninguém com quem eu preferiria mais competir do que com o pequeno Michael”, declarou Trump. O próprio Biden falou de forma reservada com repórteres na Sexta (22) em New Hampshire. Ele afirmou que Bloomberg era “um cara honrado” – e evitou uma pergunta sobre se o ex-prefeito de Nova York poderia ser considerado um membro autêntico dos Democratas.

“Michael é uma pessoa sólida, e vamos ver para onde ele vai. Não tenho nenhum problema se ele entrar na corrida”, disse Biden, acrescentando: “Nas últimas pesquisas que vi, estou bem à frente “. A pré-candidata Elizabeth Warren evitou atacar Bloomberg diretamente na Sexta (22), enquanto fazia campanha na Carolina do Norte. Ela afirmou a repórteres, entretanto, que uma candidatura financiada com riqueza pessoal não produziria “um Governo que funciona para o povo”, disse o “New York Times”. “Eu não acho que dinheiro grande deveria ser capaz de comprar as nossas eleições, e isso é verdade quer estejamos a falar de bilionários ou de executivos corporativos que financiam comités de acção política ou lobistas grandes”, declarou Warren.